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Aquecimento global está derretendo múmias mais antigas do mundo

As chilenas múmias dos Chinchorros, 2 mil anos mais velhas do que as egípcias, estão ameaçadas pelo aumento de temperatura.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 nov 2016, 12h23

Além de ameaçar o ecossistema, a mudança climática começou a destruir uma coisa inusitada: múmias – os exemplos mais antigos de preservação ritualística de cadáveres em decomposição de que se tem notícia.

As Múmias dos Chinchorros são um conjunto de 180 múmias chilenas, que estão preservadas há 7 mil anos – só para dar uma ideia, algumas das egípcias são pelo menos 2 mil anos mais novas. Mas, nos últimos 10 anos, mesmo com toda a proteção de ponta que o Museu Arqueológico de San Miguel de Azapa, da Universidade de Tarapacá, tem para oferecer, as múmias de lá estão entrando em rápida decomposição e se transformando em uma gosma preta nojenta.

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Uma investigação feita pelo próprio museu mostrou que foi o aumento da umidade que encorajou o crescimento de micróbios oportunistas nas relíquias, acelerando o processo de decomposição orgânica – a gosma preta seria o produto desse processo. E o aumento da umidade está ligado à disparada da temperatura na Terra, causada, já sabemos, por atividades humanas – principalmente a queima de combustíveis fósseis.

O estrago é incalculável porque essas múmias são capítulos importantes do passado das Américas. O povo que as fabricou, os Chinchorros, eram caçadores-coletores, e tinham uma técnica própria de preservação de corpos – que envolvia o uso de areia do deserto -, e que era praticada principalmente em crianças e fetos mortos.

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Desde o ano passado, a equipe de conservação do museu vem tentando solucionar o problema – e está começando a ficar desesperada. Agora, ela pediu ajuda a organizações internacionais, como a UNESCO (órgão da ONU que cuida de questões culturais), para que o mundo inteiro fique sabendo do perigo que as múmias estão correndo. Se nada funcionar, elas devem desaparecer em poucos anos.

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