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Astrônomo brasileiro prevê existência de um nono planeta no Sistema Solar

Simulações de computador realizadas em parceria com um pesquisador japonês indicam que a existência de um planeta desconhecido pode explicar anomalias nas órbitas de objetos distantes do Sol.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 22 fev 2024, 17h26 - Publicado em 22 fev 2024, 17h23

Já faz um tempo que astrônomos notaram algo de estranho no Sistema Solar. Alguns objetos do cinturão de Kuiper (uma região para lá de Netuno populada por milhões de pequenas rochas geladas) têm peculiaridades em suas órbitas: algumas são elipses muito alongadas, outras têm inclinações incomuns.

Nossos conhecimentos atuais sobre a dança gravitacional do Sistema Solar não explicam porque esses corpos têm essas trajetórias anômalas – eles estão longe demais de Netuno para serem influenciados pela sua força gravitacional. Uma possível resposta para esse impasse é que exista algum outro planeta, depois de Netuno, que nós ainda não descobrimos.

É isso o que propõe, em um artigo recente, uma dupla de astrônomos: o japonês Takashi Ito, do Observatório Astronômico Nacional do Japão, e o brasileiro Patryk Sofia Lykawka, professor na Universidade de Kindai, também no Japão. 

Para testar a hipótese, eles realizaram uma série de simulações computacionais que consideraram as interações os quatro planetas gigantes gasosos – Júpiter, Saturno, Urano e Netuno –, um planeta hipotético e um disco de pequenos objetos do Cinturão de Kuiper.

Os resultados, publicados no periódico Astronomical Journal, levam à conclusão de que deve mesmo haver um planeta escondido ali, com algo entre 1,5 a 3 vezes o tamanho da Terra. 

Esse bólido misterioso pode três órbitas possíveis: algo entre 200 a 300 unidades astronômicas, 200 a 500 UAs e 200 a 800 UAs (uma UA é uma unidade de medida equivalente a distância da Terra ao Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros). As duas últimas opções, de acordo com Patryk, são as mais prováveis. 

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Graças a sua massa considerável e à trajetória de sua órbita, ele seria capaz de bagunçar os objetos no cinturão – e explicaria as anomalias.

Para além de Netuno

Todos os objetos com órbitas maiores que a do último planeta do Sistema Solar, Netuno, são conhecidos como objetos transnetunianos. Atualmente, existem 2 mil deles catalogados; contudo, astrônomos estimam que existam centenas de milhares desses pedregulhos, e que eles tenham tamanhos variados. 

Plutão foi o primeiro objeto transnetuniano descoberto, em 1930. Na época, ele foi considerado um novo planeta, mas isso mudou depois de uma revisão em 2006, quando o dito-cujo ganhou o status de planeta anão.

Outro planeta anão é Sedna, descoberto em 2003. Ele está a 13 bilhões de quilômetros do Sol e tem uma órbita bem peculiar. Seu ponto mais próximo do Sol, o periélio, está a 76 u.a. da estrela (11,4 bilhões de quilômetros); enquanto seu ponto mais distante, o afélio, está a 937 u.a. (140,5 bilhões de quilômetros).

Trata-se de uma variação brutal, difícil de explicar com os conhecimentos disponíveis hoje, e que se verifica em outros objetos além de Sedna.   

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Planeta hipotético

Vale reforçar que o que aconteceu não foi uma observação direta de um novo corpo celeste – apenas a previsão de sua existência. Essa é mais uma de uma série de pesquisas que buscam deduzir as características de um nono planeta hipotético, com base em sua influência gravitacional na vizinhança. 

“Um possível planeta com as dimensões da Terra e essa órbita é muito difícil de ser percebido em uma imagem, mesmo em infravermelho”, afirma Enos Picazzio, doutor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, à Super.

“Muita gente está, há muito, procurando por um possível nono planeta, porque há sugestões teóricas de sua posição. Urano, que é maior do que a Terra e está bem mais próximo, foi descoberto por previsão matemática, em 1781. Plutão é outro caso.”

Serão necessárias outras pesquisas para especificar melhor a massa e a órbita deste suposto planeta. Os pesquisadores demonstram interesse em tentar descobrir o planeta de fato, colaborando com programas de observação astronômica.

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