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Astrônomos podem ter detectado o primeiro exoplaneta fora da Via Láctea

Eclipse de raios-X sugere a presença de um planeta orbitando um sistema luminoso na Galáxia M51 (ou Whirlpool), a cerca de 28 milhões de anos-luz da Terra

Por Luisa Costa
Atualizado em 13 mar 2024, 17h30 - Publicado em 26 out 2021, 18h24

Pela primeira vez na história, astrônomos podem ter descoberto um planeta além da Via Láctea. Ele estaria na galáxia M51 (ou Whirlpool) orbitando um “binário de raios-X” – um sistema composto por dois corpos celestes, uma estrela com massa cerca de 20 vezes a do Sol e uma estrela de nêutrons ou buraco negro.

A descoberta pode abrir novas possibilidades para a busca de exoplanetas – que orbitam estrelas que não o Sol e pertencem a sistemas planetários diferentes do nosso. A maioria dos exoplanetas (ou candidatos a exoplanetas) conhecidos até agora está a cerca de três mil anos-luz da Terra. Enquanto isso, o candidato em M51 está a 28 milhões de anos-luz de distância.

A equipe internacional de cientistas realizou as descobertas a partir de dados coletados pelo Observatório de Raios-X Chandra, um telescópio espacial lançado pela Nasa. O estudo foi publicado na revista Nature Astronomy

Os astrônomos identificaram a presença do exoplaneta a partir de um eclipse. Raios-X são emitidos por uma pequena região do sistema luminoso analisado, próxima à estrela de nêutrons ou buraco negro, e foram bloqueados momentaneamente – durante três horas, a emissão de raios-X do sistema caiu para zero.

Trata-se de uma abordagem alternativa para detectar exoplanetas, diferente dos métodos normalmente usados na Via Láctea (como a procura de eclipses causados pelo bloqueio de luz visível). “Estamos tentando abrir uma nova arena para encontrar outros mundos, procurando por candidatos a planetas em comprimentos de onda de raios-X, uma estratégia que torna possível descobri-los em outras galáxias”, disse Rosanne Di Stefano, que liderou a pesquisa.

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Estudando as características do evento, os pesquisadores concluíram que o eclipse não seria causado por uma nuvem de gás ou poeira passando na frente da fonte de radiação, mas pelo trânsito de um planeta por ali. Este corpo celeste seria aproximadamente do tamanho de Saturno e orbitaria o binário de raios-X com uma distância parecida à de Urano em relação ao Sol.

Mas ainda não é possível confirmar que o objeto visto no estudo é um planeta; para isso, os cientistas precisam coletar mais dados. Só que o possível planeta não passará na frente de sua estrela novamente por cerca de 70 anos. “Infelizmente, para confirmar que estamos vendo um planeta, provavelmente teríamos que esperar décadas para ver outro trânsito”, disse Nia Imara, coautora do estudo. “E por causa das incertezas sobre quanto tempo leva para orbitar, não saberíamos exatamente quando olhar.”

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