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Atmosfera terrestre chega até a Lua e muito mais longe, revela estudo

Dados coletados há mais de 20 anos pela sonda SOHO detectaram átomos de hidrogênio da Terra a uma distância equivalente a 50 vezes o diâmetro do planeta

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 14 fev 2024, 14h07 - Publicado em 21 fev 2019, 11h07

Qual é o tamanho da atmosfera terrestre? A pergunta parece muito simples, mas na verdade, é um bocado capciosa. O problema é que depende do ponto de vista.

Por convenção, o “espaço” é tudo aquilo que se encontra de 100 quilômetros do solo para cima, na chamada Linha de Kármán. Mas isso não significa que a atmosfera termina ali. Parece confuso — e é mesmo. É que os gases não estão muito preocupados com as nossas definições. Eles simplesmente se espalham.

Como se não bastasse, uma nova descoberta acaba de deixar tudo mais surpreendente. Pesquisadores anunciaram que gases terrestres foram detectados a impensáveis 630 mil quilômetros da superfície: o equivalente a duas vezes a distância lunar ou ao nosso planeta enfileirado 50 vezes.

“A Lua voa pela atmosfera da Terra”, resumiu em comunicado Igor Baliukin, do Instituto de Pesquisa Espacial da Rússia, autor principal do artigo publicado no periódico Journal of Geophysical Research: Space Physics.

A pesquisa considerou dados coletados há mais de 20 anos pela sonda SOHO, sigla em inglês para Observatório Solar e Heliosférico, lançada em 1995 e operada conjuntamente pela Nasa e pela ESA (agência espacial europeia).

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Seu objetivo principal é monitorar o Sol, mas às vezes ela se voltava para estudar a Terra. Em três ocasiões entre os anos 1996 e 1998, a SOHO apontou um de seus instrumentos, o SWAN, para cá.

Os sensores excepcionalmente sensíveis captam radiação ultravioleta, melhor forma de estudar a chamada geocorona, que nada mais é do que a atmosfera expandida da Terra. Esta, por sua vez, não apresenta a exuberância gasosa que encontramos por aqui: lá longe, é composta apenas por átomos de hidrogênio.

Eles interagem com o Sol através de um comprimento de onda específico da luz ultravioleta chamado de Lyman-alpha.

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Como essa radiação é totalmente absorvida pela atmosfera terrestre, só pode ser observada a partir do espaço. E a localização privilegiada da SOHO, em órbita ao redor do Sol, é um verdadeiro camarote para investigar a área limítrofe da exosfera terrestre e delimitar até onde chega a geocorona.

Por algum motivo, até agora ninguém havia realizado este estudo. Além da extensão, a recente pesquisa determinou também a concentração dos gases.

Quanto mais longe, mais esparso. Os dados revelaram que a uma distância de 60 mil quilômetros daqui há apenas 70 átomos de hidrogênio por centímetro cúbico. Na região lunar, o número despenca para 0,2.

Para todos os efeitos, é uma quantidade tão insignificante que pode ser considerada um vácuo — mas, de uma forma ou de outra, resquícios de nossa atmosfera chegam até a Lua. Não é incrível?

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