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Baleia convive com golfinhos e aprende a falar como um deles

Ser fluente em “baleiês” era pouco para essa beluga. Ainda aos quatro anos, ela resolveu encarar um novo desafio: imitar o som característico dos golfinhos

Por Guilherme Eler
Atualizado em 8 nov 2017, 15h31 - Publicado em 8 nov 2017, 14h48

Na hora de montar o currículo, você diz ser fluente em quantas línguas? Além do tradicional inglês intermediário, falar, sei lá, italiano, costuma ser um baita diferencial, não? É por causa disso que, caso um dia precise arranjar emprego em algum canto do mar, esta beluga com certeza sairá na frente dos outros candidatos. Após um breve convívio com um grupo de golfinhos, ela também virou poliglota, passando não só a imitar a linguagem deles, mas a adotá-la como sua própria — como só um verdadeiro nativo seria capaz de fazer.

Essa história começa em 2013, quando a jovem baleia tinha só quatro anos — a média de idade da espécie fica na casa dos 60. A transferência do cativeiro onde vivia com outras belugas ainda na infância poderia ter sido traumática, porém, após um breve período de adaptação ao Dolphinarium Koktebel, museu aquático da Ucrânia que trabalha na reabilitação de animais marinhos, a beluga deixou de assustar os golfinhos-nariz-de-garrafa que moravam por lá. E, mais que isso, acabou se tornando íntima do grupo formado por um macho, duas fêmeas adultas e uma fêmea jovem.

A fama dócil e sociável dos golfinhos-nariz-de-garrafa já foi bastante estudada pelos cientistas. De tão grande, a simpatia desses bichos chegou às telas de TV nos anos 1960. Os mais antigos devem se lembrar da história de Flipper, golfinho voador superinteligente que estrelou filmes e séries. O que mais surpreendeu, no caso da beluga, foi a rapidez com que a nova integrante foi aceita no grupo. Bastou dois meses para que a baleia deixasse de lado seu próprio som e começasse a imitar aquela voz característica dos golfinhos.

Com o material gravado pelos pesquisadores, daria para fazer uma verdadeira epopeia em golfinhês: foram, ao todo, 90 horas de áudio. Logo nos primeiros dias de museu, a baleia já conseguia reproduzir alguns sons de seus companheiros. Ao fim de 90 dias de intensivão, ela já tinha o novo idioma na ponta da língua, e o adotava, inclusive, como se fosse sua “língua materna”.

Graças ao seu vocabulário extenso, desenvolveu a habilidade de reproduzir cantos únicos, utilizados em ocasiões bem específicas. Era como se, igual os golfinhos fazem, a baleia também chamasse seus colegas de museu pelo nome. Um ano depois da mudança, os sons se mantinham semelhantes aos registrados logo aos dois meses – ou seja, nada de sotaque ou vícios de linguagem.

O intercâmbio de culturas, por outro lado, não aconteceu: a maioria esmagadora dos golfinhos não deu a mínima para o idioma da forasteira durante o período. “Enquanto os golfinhos foram imitados pela beluga, só encontramos um caso em que eles produziram cantos curtos que se pareciam (mas não eram idênticos do ponto de vista físico) com o produzido pela baleia”, explicaram Elena M. Panova e Alexandr V. Agafonov, pesquisadores da Academia Russa de Ciências, no jornal Animal Cognition.

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Não se soube explicar, porém, se o comportamento era apenas fruto de repetição ou se a baleia realmente entendia e reagia aos estímulos feitos pelos golfinhos. A veia das belugas para imitação também é velha conhecida: até a voz humana elas já reproduziram – embora nunca tenham sido vistas batendo um papo filosófico com alguém.

Segundo os cientistas, isso pode ser explicado pela condição social de cada uma das espécies. Enquanto os golfinhos estavam em seu habitat e em bando, a novata beluga lutava para ser formalmente aceita por seus novos vizinhos.

Foi a primeira vez que a imitação de vocalizações foi registrada entre cetáceos (grupo que reúne baleias e golfinhos). O comportamento também pode aparecer em certos elefantes e outros organismos marinhos, mas é mais comum nos pássaros – como os papagaios, por exemplo.

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