Cães heróis
No dia a dia das grandes cidades, nos campos de guerra ou no mar, eles estão lá para te salvar
Cães que salvam vidas e prendem vilões são personagens comuns no cinema desde 1920, quando o pastor alemão Rin Tin Tin fez fama decidindo a trama de dezenas de filmes. Não se trata apenas de ficção: na vida real há casos espetaculares de cães heróis. Um feito muito comum é a de cães que alertam os donos em situações de perigo. Como a atriz Drew Brarrymore, que em 1998 foi salva pelo vira-lata Flossie em um incêndio que destruiu sua mansão em Bervely Hills. Ficou tão grata que depois registrou em nome do cão a propriedade avaliada em 3 milhões de dólares.
Alguns cães têm um heroísmo inato tão evidente que nem precisam de treinamento para realizar suas proezas. Como o terranova, que tem fama de “resgatar” quem não está precisando – ele pula na água e nada em direção a qualquer pessoa que enxergar, mesmo que o cidadão esteja só dando um mergulho, e não se afogando.
Outros aprendem a se tornar salva-vidas profissionais. Como os labradores e o golden retrievers, os preferidos como guia para cegos, surdos e deficientes físicos. Depois de cerca de 2 anos de treinamento, eles são capazes de realizar tarefas de grande responsabilidade: se transformam em olhos para atravessar ruas movimentadas, ouvidos para quem não é capaz de escutar um bebê chorando, mãos e pernas para cadeirantes que precisam alcançar objetos no chão ou no alto.
Poucas vezes os cães tiveram oportunidade tão boa para mostrar seus dotes de salvamento como depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, uma das maiores tragédias da história recente. Mais de 100 labradores, golden retrievers, border collies, pastores alemães, cocker spaniels e vários vira-latas talentosos trabalharam para encontrar sobreviventes. Como o pastor Trakr, que apontou o local onde estava a última sobrevivente resgatada, Genelle Guzman-McMillan, que passou 27 horas soterrada.
Outro sobrevivente da tragédia também deve sua vida a um cão. O técnico em computação cego Omar Eduardo Rivera trabalhava no 71o andar da torre norte quando um dos aviões atingiu a torre. Seu cão-guia Dorado, um labrador, descansava debaixo da mesa. Entre sons de pânico e cheiro de fumaça, Rivera resolveu soltar Dorado, certo de que não conseguiria sair dali com vida – pelo menos o cachorro teria uma chance. Fez um último carinho no amigo e tirou sua coleira. Mas o cão não pensou da mesma maneira: deu meia volta e empurrou Rivera em direção à escada de emergência. Guiou o dono em uma descida que durou uma hora até chegar à porta da rua. Se Rin Tin Tin ainda fosse vivo, certamente adoraria interpretá-lo no cinema.