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Câncer é contagioso entre espécies de moluscos

A doença foi descoberta em moluscos no Canadá e na Espanha - para piorar, a coisa é transmissível entre espécies diferentes

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 24 jun 2016, 20h15

Na lista das doenças mais assustadoras que existem, o câncer está em primeiro lugar para muita gente. O fato de ele não ser contagioso torna as coisas um pouco menos medonhas. Só que nem todas as espécies do mundo tem essa sorte. Um time de cientistas da Universidade de Columbia acaba de descobrir um tipo de câncer contagioso entre moluscos bivalves. As células doentes viajam de um bicho para o outro na água, e já atingiram populações em diferentes partes do mundo. 

O câncer se desenvolve rapidamente e é fatal. Os moluscos doentes ficam cheios de tumores e, em poucos dias, morrem em suas colônias. Percebendo as mortes em massa, os pesquisadores de Columbia começaram a investigar: primeiro, observaram os doentes no Canadá, e compararam-nos com alguns da Espanha – um grupo da mesma espécie e dois de espécies diferentes. Para a surpresa (e pavor) dos cientistas, todas as espécies apresentavam os mesmos sinais da doença bizarra: ela era mesmo contagiosa. 

LEIA: Câncer – a chave da vida e da morte

No início, os estudiosos achavam que o câncer era estimulado por um vírus. Mas, ao analisar os bichos mortos, não encontraram sinais de uma infecção viral, e concluíram que as próprias células cancerígenas contaminavam outros indivíduos. E só descobriram isso porque essas células nem sequer compartilham o mesmo DNA que os bivalves mortos – ou seja, elas vieram de fora, como um vírus ou uma bactéria faz. Quando os infectados morrem, as células cancerígenas conseguem sobreviver algumas horas na água, e, assim, ficam livres para infectar novas vítimas. 

Não é a primeira vez que uma doença contagiosa desse tipo é descoberta no mundo animal: entre os cachorros do mundo inteiro, existe um câncer sexualmente transmissível, e entre os diabos da Tasmânia, há uma espécie de tumor facial que pode ser contraído pelo contato com a pele dos doentes. Mas o que surpreendeu os cientistas é que, além de a doença ser contagiosa entre indivíduos da mesma espécie (como entre mexilhões), ela também aparece em bivalves de espécies diferentes (como vôngoles). 

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LEIA: Cientistas matam câncer usando 50 vezes menos quimioterapia

Se você está com medo desse câncer contagioso, relaxe: os seres humanos não correm perigo. Os cientistas garantem que a doença só pega em moluscos – primeiro porque o sistema imunológico deles não é muito bem desenvolvido e segundo porque os moluscos se alimentam filtrando a água do mar, o que facilita a entrada das células cancerígenas. Além disso, é improvavel que essas células doentes sobrevivam no ar – o que acaba com as chances de pessoas contraírem a doença.

Na verdade, a maior preocupação dos estudiosos é que o câncer se espalhe para cada vez mais entre espécies marinhas, o que teria um forte impacto na cadeia alimentar e nos diferentes ecossistemas. Agora, o próximo passo é observar mais espécies para determinar se isso está mesmo acontecendo. 

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