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Caso raro de gêmeos “semi-idênticos” é registrado na Austrália

Nem "idênticos", nem "fraternos": entenda como é possível ficar no meio disso.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 10 jun 2020, 13h01 - Publicado em 28 fev 2019, 18h56

Quem tem um irmão gêmeo, como esta repórter que vos fala, sabe como é complicado ter de ficar explicando as diferenças entre gêmeos “idênticos” (univitelinos) e “fraternos” (bivitelinos). Agora, imagine explicar o conceito de “semi-idênticos”. Bem, é esse desafio que vão enfrentar dois gêmeos australianos que tiveram a sorte de nascer nessa condição. Não é exagero dizer que a chance de isso acontecer para um par de bebês é próxima à de ganhar na loteria duas vezes. Afinal, é a apenas o segundo caso identificado no mundo todo.

Os bebês nasceram em 2014, mas só agora, aos 4 anos de idade, o periódico científico The New England Journal of Medicine descreveu o caso deles. O menino e a menina são idênticos por parte de mãe, mas compartilham apenas uma parte do DNA do pai — estão exatamente no meio entre “idênticos” e “fraternos”.

Antes de mais nada, vale a explicação desses termos: gêmeos idênticos nascem quando um único embrião, formado a partir de um óvulo e um espermatozoide, acaba originando dois bebês após as sucessivas divisões celulares. Daí vem o termo “monozigótico”; quer dizer que ambos vieram do mesmo zigoto, ou embrião. Isso é algo bem aleatório, e origina dois seres humanos geneticamente idênticos, que se desenvolvem dentro de uma mesma placenta.

Já os gêmeos fraternos são irmãos comuns que vieram na mesma “barrigada”: dois óvulos e dois espermatozoides foram fecundados e se desenvolveram paralelamente, cada um na sua placenta (portanto “dizigóticos”, ou dois zigotos). A única coisa que eles possuem estritamente igual é a data de nascimento mesmo — eu e minha irmã gêmea, por exemplo, temos até tipos sanguíneos diferentes.

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Agora, gêmeos “semi-idênticos” (sesquizigóticos) são casos raríssimos. O caso dos dois australianos divulgado recentemente se juntou ao de dois gêmeos americanos, descrito em 2007. A condição ocorre quando um óvulo é fecundado por dois espermatozoides ao mesmo tempo. Com três materiais genéticos distintos, as divisões ficam confusas e o embrião, na maioria dos casos, acaba nem indo para frente. Mas isso não acontece sempre. Entenda no esquema abaixo.

 


(The New England Journal of Medicine/Superinteressante)

E o caso dos gêmeos autralianos ainda é mais curioso, pois foi o primeiro a ser descoberto ainda no útero. O professor Nicholas Fisk, líder da equipe que cuidou da mãe e dos gêmeos no Royal Brisbane and Women’s Hospital, afirmou que a descoberta aconteceu graças a um exame pré-natal de rotina. Antes, como só havia uma placenta, acreditava-se que eram gêmeos idênticos comuns. Mas o que entregou a condição de “semi-idênticos” foi a confirmação de que os gêmeos eram de sexos diferentes (uma menina e um menino) — o que não é possível no caso de monozigóticos, que são geneticamente idênticos.

O mosaico genético (ou seja, a mistura de gametas XX com XY) acabou originando um menino e uma menina porque a proporção de cada um desses tipos de células diferiu: um embrião continha um número maior de células XY, então se desenvolveu “macho”, enquanto o outro tinha uma alta proporção de células XX, e se desenvolveu “fêmea”.

Mas, lógico, isso não aconteceu sem nenhuma sequela. As crianças nasceram por cesariana e pareciam saudáveis, mas logo os médicos atestaram que a menina havia desenvolvido um coágulo sanguíneo sério pouco antes do nascimento. Seu braço foi amputado quando ela tinha quatro semanas de idade. Além disso, defeitos genéticos geraram consequências: como dá para observar na figura acima, a menina possui algumas células com o cromossomo Y, além de ter sido muito exposta a testosterona no útero. Isso resultou na remoção de seus ovários aos 3 anos de idade, pois eles não se formaram normalmente e poderiam aumentar o risco de um câncer no futuro. 

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Ainda não apareceram sequelas no mosaico genético no menino, mas a chance de algo surgir durante a puberdade é grande. E os pesquisadores garantem: a coisa é tão rara que vai demorar até que a gente passe a estudar o caso de gêmeos sesquizigóticos na escola, igual fazemos com os outros dois tipos. Quem sabe os gêmeos australianos, até lá, arrumem uma maneira de explicar o que são gêmeos semi-idênticos de forma mais simples.

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