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Cervo é visto roendo ossos humanos em experiência nos EUA

Em fazenda usada por cientistas forenses para estudar a decomposição de corpos, o animal, apesar de herbívoro, foi pego roendo uma costelinha de gente

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 Maio 2017, 15h31 - Publicado em 11 Maio 2017, 15h14

Você gosta de costelinha? O cervo aí em cima também. Principalmente se for de Homo sapiens. Pela primeira vez na história da biologia um exemplar do animal herbívoro foi visto roendo um osso humano – a cena foi flagrada em um sítio de decomposição de corpos em San Marco, no estado norte-americano do Texas.

É isso mesmo que você ouviu. O local é usado por cientistas forenses de universidades da região para acompanhar o passo a passo do apodrecimento de um corpo quando ele é deixado ao ar livre. A fazenda dos defuntos, como foi carinhosamente apelidada por seus usuários, é um ambiente natural aberto, repleto de vegetação nativa e animais típicos como raposas, guaxinins e, é claro, cervos. Os corpos usados nos testes são todos de voluntários – 150 mortos já viraram pesquisa científica, e há 200 vivos na fila para virar doação. 

Câmeras com sensores de movimento tiram fotos discretas dos animais toda vez que eles interagem com as “cobaias” de alguma maneira – cheirando, comendo um pedaço ou apenas observando com curiosidade. Depois, as marcas deixadas nos corpos são analisadas, classificadas e passam a servir de material de referência para peritos e investigadores de polícia solucionarem crimes reais.

O cervo foi pego no flagra em 5 janeiro de 2015, mas a foto só veio à tona nesta semana, com a publicação de um relatório oficial sobre o caso pela equipe de Lauren Meckel, pesquisadora do Centro de Antropologia Forense da Universidade do Estado do Texas (e uma usuária de carteirinha da fazenda mais inusitada do oeste).  

Na foto da “cena do crime”, o animal dá uma olhada simpática para a câmera com o osso pendurado no canto da boca, como um cigarro.

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Os cervos são classificados oficialmente como herbívoros. Seus almoços favoritos costumam ter frutas, nozes, castanhas, cogumelos e a famosa alfafa, uma favorita de animais ruminantes em clima temperado seco. Mas isso não impediu espécimes isolados de comerem peixes e coelhos no passado, segundo a National GeographicOs bichos favoritos da decoração de Natal também já foram vistos caçando filhotes de pássaro direto do ninho, sem dó nem piedade – uma ficha impressionante para uma espécie supostamente vegana.  

O hábito de roer ossos de vários animais para extrair nutrientes como cálcio, fósforo e sódio é comum entre esses animais, especialmente em épocas de clima mais frio – portanto, não é surpresa que eles não façam objeção a um bom esqueleto humano há uma fazenda inteira deles disponível.

O corpo em questão estava em decomposição há 182 dias e já havia sido banquete de muitos outros predadores – sua caixa toráxica já estava exposta e a costela havia sido tirada sem muito esforço. Oito dias depois da foto original, outro cervo foi visto fazendo exatamente a mesma coisa. Ainda não se sabe se ele é exatamente o mesmo animal da última vez ou se vários indivíduos tiveram a mesma ideia.

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A curiosidade macabra, por incrível que pareça, também é uma descoberta e tanto para os legistas. A oscilação característica da mastigação desses animais deixa a superfície dos ossos marcada com um padrão em ziguezague, como um varal de bandeirinhas de Festa Junina. Quando carnívoros como tigres e lobos roem o esqueleto de suas presas, ainda com carne, o resultado são fendas e buracos irregulares.

Em outras palavras, se você morrer na floresta, pelo menos a polícia vai saber qual animal fez bom uso de seus nutrientes. Será que serve de consolo?

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