Entretanto, a extinção do grupo é um processo lento, comparado à velocidade feroz da competição individual. Mesmo quando o grupo caminha lenta e inexoravelmente para o declínio, os indivíduos egoístas prosperam, no curto prazo, às expensas dos altruístas. Os cidadãos da Grã-Bretanha podem ou não ter o dom da previsão, mas a evolução é cega no que diz respeito ao futuro. Embora a teoria da seleção de grupo conte com poucos adeptos hoje em dia entre os biólogos profissionais que compreendem a evolução, ela continua a exercer forte apelo intuitivo. Gerações e gerações de estudantes de zoologia se surpreendem, quando deixam o ensino secundário, ao descobrir que não é esse o ponto de vista ortodoxo.
Não se podem culpá-los por isso, uma vez que no Nuffield Biology teacher’s guide, escrito para os professores que lecionam Biologia em nível avançado nas escolas, encontramos o seguinte: “Nos animais superiores, o comportamento pode assumir a forma do suicídio individual para assegurar a sobrevivência da espécie”. O autor anônimo desse manual ignora, satisfeito, o fato de que sua afirmação é controversa. A esse respeito, ele faz companhia a cientistas que ganharam o prêmio Nobel. Konrad Lorenz, no livro On aggression, discorre sobre a função de “preservação da espécie” exercida pelo comportamento agressivo, que teria entre suas finalidades assegurar que apenas aos indivíduos mais aptos seja permitido procraciar. Este é um exemplo notável de argumentação circular. Mas o que quero enfatizar aqui é que a idéia da seleção de grupo está tão profundamente enraizada que tanto Lorenz como o autor do Nuffield guide não se deram conta de que suas afirmações eram incompatíveis com a teoria darwiniana ortodoxa. Recentemente ouvi um exemplo delicioso do mesmo tipo, num programa de televisão da BBC, excelente, aliás, sobre as aranhas australianas. A “especialista” do programa observou que a grande maioria dos filhotes de aranha terminava como presas de outras espécies, e prosseguiu: “Talvez este seja o verdadeiro propósito de sua existência, visto que apenas alguns poucos filhotes necessitam sobreviver para que a espécie seja preservada”! Robert Ardrey, em The social contract, usou a teoria da seleção de grupo para explicar toda a ordem social.
O homem é claramente visto por ele como uma espécie que se desviou do caminho da retidão animal. Mas Ardrey, pelo menos, fez a lição de casa. A sua decisão de discordar da teoria ortodoxa foi consciente e, por isso, ele merece crédito. Uma das razões para o grande apelo exercido pela teoria da seleção de grupo talvez seja o fato de ela se afinar completamente com os ideais morais e políticos partilhados pela maioria de nós. Como indivíduos, não raro podemos nos comportar de maneira egoísta, mas, nos nossos momentos mais idealistas, reverenciamos e admiramos aqueles que colocam o bem-estar dos outros em primeiro lugar. No entanto, nos mostramos um pouco confusos no tocante à extensão que queremos atribuir à palavra “outros”. Muitas vezes, o altruísmo no interior de um grupo se faz acompanhar do egoísmo entre os grupos. Essa é a base do sindicalismo. Num outro nível, a nação é a principal bene-ficiária do nosso auto-sacrifício altruísta, e espera-se que os jovens dêem suas vidas como indivíduos para a glória suprema do seu país. Mais ainda, os mesmos jovens são encorajados a matar outros indivíduos a respeito dos quais nada sabem, exceto que pertencem a uma nação diferente. (Curiosamente, os apelos em tempos de paz para que os indivíduos façam um pequeno sacrifício, à medida que aumentam seu padrão de vida, parecem ser menos eficientes que os apelos, durante os tempos de guerra, para que sacrifiquem as próprias vidas.)
Em tempos recentes temos presenciado uma reação contra o racismo e o patriotismo e uma tendência a adotar a espécie humana no seu conjunto como o objeto dos nossos sentimentos de solidariedade. Esse alargamento humanista do alvo do nosso altruísmo possui um corolário interessante, que, uma vez mais, parece reforçar a idéia da evolução “pelo bem da espécie”. Os politicamente liberais, que são, em geral, os porta-vozes mais convencidos da ética da espécie, demonstram hoje o maior desdém por aqueles que foram um pouco mais longe no alargamento do seu altruísmo, de maneira a incluir as outras espécies. Se eu disser que estou mais interessado em impedir o massacre das grandes baleias do que em melhorar as condições de moradia da população, certamente deixarei alguns amigos chocados. A idéia de que os membros da nossa própria espécie merecem uma consideração moral especial em comparação com os membros das demais espécies é antiga e profundamente arraigada. Matar pessoas fora de uma guerra é algo que se considera o pior dos crimes vulgarmente cometidos. A única coisa proibida com mais força pela nossa cultura é comer pessoas (mesmo que já estejam mortas). E, no entanto, gostamos de comer membros das outras espécies. Muitos de nós recuamos constrangidos diante da execução de um ser humano, não obstante se trate do mais terrível criminoso, ao passo que defendemos despreocupados a exterminação sem julgamento de pragas relativamente pouco nocivas.
A bem da verdade, matamos membros de outras espécies inofensivas como forma de recreação e divertimento. Um feto da nossa espécie, desprovido de mais sentimentos humanos do que uma ameba, goza de um respeito e de uma proteção legais que excedem em ampla medida aqueles concedidos a um chipanzé adulto. E, contudo, o chipanzé sente e pensa e – de acordo com os achados experimentais recentes – é até mesmo capaz de aprender alguma forma de linguagem humana. O feto pertence à nossa espécie e, por essa razão, conta instantaneamente com privilégios e direitos especiais. Será que a ética do “especiecismo”, para usar um termo de Richard Ryder, se sustenta em bases lógicas mais sólidas do que a ética do racismo? Eu não sei. O que sei é que ela não encontra nenhuma fundamentação na biologia evolutiva. À confusão, na ética humana, acerca do nível em que o altruísmo é desejável – a família, a nação, a raça, a espécie ou o conjunto dos seres vivos – corresponde uma confusão paralela na biologia a respeito do nível em que o altruísmo deve ser esperado, de acordo com a teoria da evolução. Mesmo os adeptos da seleção de grupo não ficariam surpresos por encontrar membros de grupos rivais comportando-se de maneira sórdida uns com os outros: assim, tal como os sindicalistas ou os soldados, eles estariam favorecendo o próprio grupo na luta por recursos limitados.
Nesse caso, vale a pena indagar como é que o adepto da seleção de grupo decide qual nível é o importante. Se a seleção opera entre grupos de uma mesma espécie, e entre espécies, por que não operaria também entre grupos mais vastos? As espécies se agrupam em gêneros, os gêneros em ordens, e as ordens em classes. Leões e antílopes são ambos membros da classe Mammalia, assim como nós. Não deveríamos esperar, então, que os leões se abstivessem de matar os antílopes, “pelo bem dos mamíferos”? Certamente eles deveriam, em lugar disso, caçar as aves ou os répteis, a fim de evitar a extinção da classe. Mas, então, o que dizer da necessidade de perpetuar todo o filo dos vertebrados? É fácil argumentar por reductio ad absurdum e apontar os problemas da teoria da seleção de grupo, porém a existência aparente do altruísmo individual necessita, ainda assim, de uma explicação. Ardrey chega a dizer que a seleção de grupo é a única explicação possível para comportamentos como o stotting* das gazelas de Thomson. Esse tipo de salto vigoroso e proeminente diante do pregador é análogo ao grito de alarme emitido pelos pássaros, por meio do qual eles parecem avisar os companheiros do perigo, ao mesmo tempo que chamam a atenção do predador para o animal que salta. É nossa responsabilidade encontrar uma explicação para o stotting e para todos os fenômenos semelhantes, e tentarei fazê-lo em capítulos posteriores. Mas, antes disso, tenho de defender a minha convicção de que a melhor maneira de encarar a evolução é considerar que a seleção se dá no mais baixo de todos os níveis. Nesta crença, encontro-me fortemente influenciado pelo grande livro de G.C. Williams, Adaptation and natural selection [Adaptação e seleção natural]. A idéia central de que farei uso foi prenunciada por A. Weismann na virada do século XX – momento anterior ao nosso conhecimento dos genes –, na sua teoria da “continuidade do plasma germinativo”. Argumentarei que a unidade fundamental da seleção, e, portanto, do interesse próprio, não é a espécie, nem o grupo e, tampouco, num sentido estrito, o indivíduo, e sim o gene, a unidade da hereditariedade. Para alguns biólogos isso poderá soar, de início, como uma visão extrema. Espero, contudo, que, ao compreenderem o sentido em que faço esta afirmação, eles concordem que se trata substancialmente de uma visão ortodoxa, ainda
A vida, o Universo e tudo mais
Nome – O Gene Egoísta
Autor – Richard Dawkins
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O livro do biólogo britânico Richard Dawkins tem mais de 30 anos e ainda causa polêmica por defender que nós somos máquinas criadas por nossos genes. E que a evolução das espécies – tal qual sugeriu Charles Darwin – é determinada pelos genes. Muita gente não gostou da teoria. Em 2002, os insatisfeitos ganharam outro motivo para detonar a obra. O Gene Egoísta era o livro de cabeceira de Jeffrey K. Skilling, um dos executivos que fraudaram os números da companhia de energia Enron em um dos maiores escândalos financeiros dos EUA. Infelizmente, na época, a preferência desse espertinho do mundo empresarial desviou a discussão do mais importante, que eram as forças e as fragilidades da teoria de Dawkins. O cientista avisa logo no início: “O meu propósito é examinar a biologia do egoísmo e do altruísmo”. Grosseiramente falando, Dawkins sustenta que nossos genes são egoístas, assim passados de geração para geração, e, em geral, originam um comportamento individual egoísta. “Por mais que desejemos acreditar no contrário, o amor universal e o bem-estar da espécie como um todo são conceitos que simplesmente não fazem sentido do ponto de vista evolutivo”, ele escreve. Caberia a nós ensinar a generosidade e o altruísmo contra os nossos desígnios genéticos. Não seríamos forçados a obedecê-los a vida toda. É nesse terreno que biólogos, zoólogos e antropólogos – só para citar alguns dos interessados – encontram argumentos para apoiar, refutar ou aceitar com ressalvas o pensamento de Dawkins. O que torna o livro atual é a perseguida linguagem da divulgação científica, tão cara a um mundo cioso da exatidão de suas palavras. Dawkins não é prolixo como exige a academia. Usa com perfeição a informalidade para explicar conceitos humanos e matemáticos – goste-se ou não dos resultados. Ele é um cientista que domina a teoria da evolução e se põe fiel a ela. Entretanto, não aceita ser pregador de uma moral darwinista. Dawkins quer contar como os seres evoluíram, pelo menos em sua visão de cientista. Em tempos de criacionistas enlouquecidos, é ótimo encontrar alguém que ainda prefere a razão.
(Leandro Steiw)
Nome – O Universo elegante
Autor – Brian Greene
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – Encontrar uma teoria única para explicar o Universo é o sonho de muitos cientistas. Albert Einstein era um deles, mas não viveu o suficiente para aprofundar os estudos da unificação da relatividade geral com a mecânica quântica. O físico americano Brian Greene acredita que o caminho passa pela teoria das supercordas, capaz de integrar o mundo do grande ao do pequeno, das imensas distâncias do cosmos às mínimas unidades da matéria. Para Greene, dentro dos quarks (partículas subnucleares que habitam os nêutrons e prótons) existe um filamento de energia que vibra como as cordas de um violino. São os diferentes padrões de vibração dessas cordas que determinariam a natureza de diferentes tipos de subpartículas. O funcionamento do Universo, lembra o Autor – , é uma pergunta ainda sem resposta. Apoiado na teoria das supercordas, bilhões de vezes menores do que o núcleo atômico, Greene dá sua contribuição.
(Leandro Steiw)
Nome – A Vida do Cosmos
Autor – Lee Smolin
Editora – Unisinos
Por que ler – O físico americano Lee Smolin, professor de física da Universidade da Pensilvânia, propõe uma teoria revolucionária em direção à unificação da mecânica quântica com a relatividade geral de Einstein. Enquanto o também físico Brian Greene apresenta a solução nas supercordas (leia acima), Smolin afirma que o universo se estrutura por meio de um processo de auto-organização similar ao da evolução biológica. Para o Autor – , o cosmos pode ser mais bem compreendido como uma entidade viva do que como uma engrenagem mecânica ou uma máquina. Uma das questões é se as leis da natureza não estariam também em evolução. Assim, haveria uma teoria única para explicar as propriedades do Universo? Smolin é um especialista preocupadíssimo com a didática de seu ensinamento, conforme se descreve no prefácio. Essa fixação com a linguagem clara e com o argumento fundamentado é um dos méritos do Autor – . Não há solução amplamente aceita para a teoria do campo unificado. Smolin mantém a chama acesa.
(Leandro Steiw)
Nome – Uma Nova História do Tempo
Autores – Stephen Hawking e Leonard Mlodinow
Editora – Ediouro
Por que ler – O físico inglês Stephen Hawking ganhou fama quando lançou Uma Breve História do Tempo, em 1988. Big Bang, buracos negros e temas afins da cosmologia eram reunidos na busca de uma explicação para o Universo. A teoria do campo unificado atingia o patamar de best-seller. Quase 20 anos depois, com o físico Leonard Mlodinow, o Autor – condensou as idéias sobre a relação espaço-tempo, o papel de Deus na criação e o futuro do mundo. O livro mantém vivo um assunto que não é consenso nem entre cientistas e atualiza os fatos desde a publicação da primeira versão.
(Leandro Steiw)
Nome – O Tecido do Cosmo
Autor – Brian Greene
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O Autor de O Universo Elegante apresenta o desenvolvimento da ciência moderna, aquela que “disparou sucessivos golpes sobre as evidências produzidas por nossa experiência perceptiva rudimentar. Ele escreve: “A lição essencial que emerge das investigações científicas dos últimos cem anos é a de que a experiência humana muitas vezes é um falso guia para o conhecimento da verdadeira natureza da realidade”. As questões da cosmologia não são simples, como se sabe. Mas esta obra é fundamental para compreender como a relação espaço-tempo sempre esteve presente no pensamento humano, desde Aristóteles até Einstein.
(Leandro Steiw)
Nome – Breve História de Quase Tudo
Autor – Bill Bryson
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O que pode fazer tão importante um livro que começa avisando o leitor que um dia os átomos dele vão se desligar, se separar, se tornar outras coisas e condená-lo à morte? Não, não é nenhuma teoria da conspiração. A menção a esses átomos de dedicação passageira a nossa vida de 650 mil horas é apenas um dos temas que o escritor americano Bill Bryson reuniu em Breve História de Quase Tudo. Ele conta que a semente dessa trabalheira foi um vôo de avião sobre o Pacífico, quando percebeu que nada sabia sobre o único planeta que habitaria a vida toda. Graças a essa ignorância das coisas e à vontade de combatê-la, ele e o leitor agora podem entender o que é um átomo, um próton, uma proteína, um quark etc. E – melhor – saber o que fazer com tanto conhecimento.
(Leandro Steiw)
Idéias e homens que mudaram o mundo
Nome – Einstein – Sua Vida, Seu Universo
Autor – Walter Isaacson
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O mérito deste livro é mostrar que o cientista que revolucionou a física também tinha suas idiossincrasias. Albert Einstein era amável e ausente, guardava segredos pessoais e casos extraconjugais, transformou rebeldia em inconformismo. Essa biografia é contada a partir da coleção de cartas do cientista que a enteada de Einstein liberou em testamento. “Conhecer o homem ajuda-nos a compreender as fontes de sua ciência, e vice-versa”, escreve o Autor – . “Personalidade, imaginação e gênio criativo estão relacionados, como se formassem um campo unificado.” Por meio dessas correspondências, o leitor compreende como um funcionário de escritório de patentes se tornou a personalidade mais brilhante do século 20. Visto sob falsos moralismos, o cientista seria enquadrado como mau pai e marido, um excêntrico. Leia e convença-se de vez: Einstein foi um gênio.
(Leandro Steiw)
Nome – O Cosmo de Einstein
Autor – michio kaku
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – Michio Kaku, formado por Harvard, explica como as idéias de Albert Einstein mudaram os rumos das descobertas científicas do século 20 e dirigiram os estudos futuros no campo da física. A fórmula E=mc2 é sua criação mais famosa. A relatividade geral, a teoria revolucionária. O campo unificado, a obsessão irrealizada. Mas o Autor – não se detém apenas nas propostas do gênio. Ele mostra como o generoso e bondoso comportamento de Einstein com crianças, rainhas, mendigos ou colegas de profissão ajudou a moldar a primeira celebridade do mundo da ciência. Para Kaku, não há dúvidas de que Einstein também era grandioso pela sua presença de espírito, capaz de fazê-lo abanar as orelhas para crianças e distribuir frases espirituosas para os jornalistas. Mas, acima das tradicionais mesquinharias entre mentes criativas, uma das qualidades do físico era dar o devido crédito aos mestres do passado, como Isaac Newton e James Clerk Maxwell. Foram eles os inspiradores.
(Leandro Steiw)
Nome – Biologia, Ciência Única
Autor – Ernst Mayr
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – Os 12 ensaios reunidos neste livro são uma carta de amor à biologia. Já no prefácio, o biólogo evolucionista e historiador alemão, Ernst Mayr, avisa que este seria seu último levantamento de conceitos controversos na matéria. Não é pouco, visto que ele morreu em 2005, aos 100 anos. Os capítulos versam sobre autonomia da biologia, teoria da evolução de Darwin, seleção natural, origem dos seres humanos e inteligência extraterrestre. Para amantes da biologia, como Mayr, esta obra é recomendada para entender um dos pensadores que uniram a seleção natural darwinista à genética e à ecologia e, assim, moldaram a compreensão moderna da teoria da evolução.
(Leandro Steiw)
Nome – Big Bang
Autor – Simon Singh
Editora – Record
Por que ler – O Big Bang não é a única, mas é a teoria mais difundida e mais aceita nos meios científicos para explicar a origem do Universo. O físico Simon Singh é um de seus defensores. Neste livro, ele explica por que a tal grande explosão é considerada pelos cosmólogos a melhor descrição do momento zero. O modelo do Big Bang é, segundo o Autor – , uma explicação elegante apoiada por imaginação fabulosa, observação aguçada e lógica implacável. “Esse é o desafio supremo, um desafio brutal, mas toda teoria científica deve poder ser testada e ser compatível com a realidade”, escreve Singh. Num texto superacessível, o leitor aprende alguns antigos mitos de origem, a evolução da física moderna e como o homem mudou sua visão do Universo.
(Leandro Steiw)
Nome – O Relojoeiro Cego
Autor – Richard Dawkins
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O biólogo britânico Richard Dawkins resolveu jogar luz na discussão da origem das espécies. Seu alvo são os criacionistas. Seu objetivo, evitar que as idéias evolucionistas de Charles Darwin acabem na fogueira. O livro é de 1986, duas décadas antes que o jeito George W. Bush de ser saísse da Casa Branca para os livros escolares americanos. Mas o tema tornou-se mais atual. Dawkins crê na solução do darwinismo: “Quero inspirar o leitor com uma visão de nossa existência como um mistério de dar frio na espinha, e simultaneamente quero transmitir o entusiasmo por se tratar de um mistério com uma solução elegante e ao nosso alcance”. Ele argumenta que muitos criticam o darwinismo sem conhecê-lo. Este livro é a chance de sair da ignorância.
(Leandro Steiw)
Corpo, cérebro e mente
Nome – Tábula Rasa
Autor – Steven Pinker
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O homem tem muitas convicções, como a de que a mente de um bebê nasce vazia e cabe aos pais e à sociedade preenchê-la. Muitas estão ancoradas na religião e também nas ciências. “Assim como a religião contém uma teoria da natureza humana, também as teorias da natureza humana assumem algumas das funções da religião, e a tábula rasa tornou-se a religião secular da vida intelectual moderna”, diz o psicólogo canadense Steven Pinker. A obra propõe uma mudança na visão da natureza e da cultura humana, em busca de uma concepção mais rica da linguagem, do pensamento, da vida social e da moralidade.
(Leandro Steiw)
Nome – Como a Mente Funciona
Autor – Steven Pinker
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – O título já entrega o conteúdo. Você nunca mais pensará a mente humana do mesmo jeito depois de ler o psicólogo e cientista cognitivo canadense Steven Pinker. Baseado na teoria evolutiva de Darwin e na moderna ciência cognitiva, o Autor – apresenta argumentos claros e acessíveis a questões como criatividade, sensibilidade, amor, confiança, processo de decisões e aprendizado. Afinal, os gênios são diferentes dos normais? Como encaramos situações de risco? Pinker explica como a mente humana age a cada um desses sentimentos e enfrentamentos. Ainda não existem respostas definitivas aos mistérios de nosso cérebro. Mas a obra mostra que estamos perto de entendê-los, sem necessidade de apelar às facilidades e simplificações da auto-ajuda.
(Leandro Steiw)
Nome – A Vida no Limite
Autora – Frances Ashcroft
Editora – Jorge Zahar
Por que ler – Você conhece os limites de seu corpo? A professora de fisiologia Frances Aschcroft fez isso para o leitor. Ela explica como o homem sobrevive em ambientes hostis, como altitudes elevadas, sob pressão intensa, no frio e no calor extremos, sob velocidade e até no espaço. Enquanto passeia pela fisiologia, a Autor – a apresenta momentos da história da medicina, do esporte e da zoologia comparada. Ela reúne informações e curiosidades numa linguagem simples e gostosa, recheada de momentos autobiográficos. Afinal, ela mesma passou por várias das experiências relatadas no livro. Só não viajou ao espaço ainda. É uma obra cheia de adrenalina, recomendada até para quem tem medo de altura.
(Leandro Steiw)
Nome – O Cérebro do Século XXI
Autor – Steven Rose
Editora – Globo
Por que ler – O Autor, um neurocientista britânico, trata dos processos que ocorrem no cérebro humano que permitem o aprendizado e a memória. Mostra o que a ciência já descobriu sobre o cérebro: como ele funciona e envelhece, como os neurônios se relacionam etc. Depois, o que nos reserva o futuro no tratamento de doenças como Parkinson e Alzheimer. E traz uma análise pessoal sobre as interferências da filosofia e da sociologia da ciência sobre esses estudos.
(Leandro Steiw)
Nome – Alucinações Musicais
Autor – Oliver Sacks
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – Pense em uma música. Deixe-a “tocar” em sua cabeça. Talvez ao final da leitura deste texto você ainda esteja contaminado por um brainworm, um verme de cérebro, segundo a definição do neurologista inglês Oliver Sacks. É aquele som que não sai de sua mente, por mais que você tente substituí-lo por outro, capaz de deixá-lo irritado mesmo com a melhor melodia de seu compositor preferido. Segundo Sacks, a repetição interna automática e compulsiva de frases musicais é o mais claro sinal da avassaladora sensibilidade de nosso cérebro à música. Como lidar com isso numa geração constantemente ligada à música, com seus iPods grudados aos ouvidos? Sacks tenta encontrar uma resposta.
(Leandro Steiw)
Nome – Uma História das Emoções
Autor – Stuart Walton
Editora – Record
Por que ler – O jornalista e historiador inglês Stuart Walton partiu de um estudo de Charles Darwin, publicado em 1872, para explicar 10 emoções humanas e suas manifestações físicas. Misturou ao darwinismo outros pensadores, como Adorno, Freud e Schopenhauer, e personagens pop ou atores, como Simpsons, Dolly Parton e Michael Douglas. E explica por que sentimos medo ou felicidade, raiva ou surpresa, entre outras. O medo, por exemplo, foi o inspirador pioneiro da arte e da religião, formas de apaziguar um ser supremo furioso e desconhecido. Como as outras emoções também influenciaram nossa história? Elas são iguais no mundo todo, entre povos e culturas diferentes? Essas são algumas das questões que Walton tenta responder.
(Leandro Steiw)
Dúvidas existenciais
Nome – Por um Fio
Autor – Drauzio Varella
Editora – Companhia das Letras
Por que ler – As pessoas têm comportamentos diferentes quando se deparam com a morte. O médico brasileiro Drauzio Varella sabe disso em função de décadas de convívio com pacientes com câncer. O doente reage com surpresa e indignação, passa do desespero à aceitação. Uma coisa parece certa: “O apego à vida é uma força selecionada impiedosamente pela natureza nas milhares de gerações que nos precederam; os desapegados levaram desvantagem reprodutiva”. É o apego à vida que emerge, com sensibilidade, deste livro.
(Leandro Steiw)
Nome – O Porco Filósofo
Autor – Julian Baggini
Editora – Relume Dumará
Por que ler – O filósofo inglês Julian Baggini pode não ter respostas, mas tem perguntas. Neste livro, ele cria 100 situações sobre as quais o leitor deve refletir. Por exemplo: você sacrificaria 5 vidas para salvar outras 40? Comeria um porco modificado geneticamente de forma ser desejar ser comido? O que é moral ou imoral? Baggini não responde, mas mostra que filosofia não é complicada como parece e induz o leitor a exercitar seu espírito crítico. Nessas questões, ele apresenta a obra de filósofos como Descartes, Nietzsche e Platão e a ficção científica de Philip K. Dick, entre outros.
(Leandro Steiw)
Nome – Sexo e as Origens da Morte
Autor – William R. Clark
Editora – Record
Por que ler – Se nenhum acidente acontecer pelo caminho, cada célula de nosso corpo seguirá o destino de autodestruição determinado por nosso código genético. Assim, nossa morte já está programada. O que isso tem a ver com sexo? “O DNA só tem um objetivo: reproduzir-se”, escreve Clark. Depois disso, nossas células deixam de ter função útil e devem morrer. E nós também. Fazendo essa relação entre sexo e morte, o Autor – explica por que envelhecemos e morremos, sem recorrer a explicações metafísicas ou religiosas.
(Leandro Steiw)
Poderosas máquinas
Nome – A Era Das Máquinas Espirituais
Autor – Ray Kurzweil
Editora – Aleph
Por que ler – Engenheiro e inventor, Ray Kurzweil acredita que ainda neste século as máquinas ficarão tão perfeitas que terão mais memória e habilidades que o cérebro humano. Os computadores serão capazes de emoções que só os humanos puderam experimentar, se tornarão nossos professores, parceiros e amantes. Será impossível distinguir a sensibilidade humana da inteligência artificial. Este livro é um exercício de futurologia, portanto, muito polêmico. Mas é, acima de tudo, uma visão otimista do futuro.
(Leandro Steiw)
Nome – A Evolução Das Coisas Úteis
Autor – Henry Petroski
Editora – Jorge Zahar
Por que ler – A forma do garfo é óbvia: um cabo para segurar e 4 dentes para espetar a comida. Mas não foi assim tão fácil chegar a ela. O engenheiro Henry Petroski mostra que a forma de objetos como garfos, alfinetes, clipes, latas, telefones, pontes e fornos de microondas revela bastante da própria história da humanidade. Coisas banais do cotidiano que foram se aperfeiçoando desde a primeira versão falha até o design perfeito. “O clipe para papel, por exemplo, tão inofensivo e controlado, parece atrair mais a admiração que a ira dos críticos e colunistas de jornal, e parece ser aceito por quase todas as pessoas como uma pequena maravilha moderna”, escreve. Petroski ensina que sempre é possível melhorar e que grandes lucros vêm com pequenas mudanças.
(Leandro Steiw)
Nome – Revolução Digital
Autor – Ethevaldo Siqueira
Editora – Saraiva
Por que ler – O mundo mudou bastante nos 40 anos de trabalho do jornalista brasileiro Ethevaldo Siqueira, especialista em comunicações, tecnologia da informação e eletrônica de consumo. É esse progresso da ciência e da tecnologia que ele conta em Revolução Digital, passando pela história do rádio, da televisão, da telefonia e da eletrônica. Para não ficar apenas no último meio século, o Autor – pesquisou as inovações que surgiram no Brasil e no mundo desde 1900. Ele revela ainda como a sociedade conviveu com essas mudanças, que provocam revoluções na nossa maneira de encarar o mundo. Todo o século 20 está aqui neste livro, apresentado com o mesmo texto claro e objetivo que Siqueira consagrou em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo.
(Leandro Steiw)
A mãe (e a sogra) natureza
Nome – A Vingança de Gaia
Autor – James Lovelock
Editora – Intrínseca
Por que ler – Um dos pais da teoria de Gaia, segundo a qual a Terra comporta-se como um organismo vivo que pode gozar de boa saúde e adoecer, faz o grande alerta neste livro. O aquecimento global é irreversível e o planeta irá tornar-se inabitável ainda no século 21 se algo não for feito urgentemente. As temperaturas aumentarão e a água pura desaparecerá, ameaçando a vida marinha e a produção de alimentos. James Lovelock afirma que, nessas condições, bilhões de humanos – sem falar em ecossistemas inteiros – devem morrer nos próximos 100 anos. O cenário é catastrófico. Mas essa vingança de Gaia a seus parasitas tem soluções, e Lovelock não deixa de sugeri-las. A mais polêmica defende a utilização da energia nuclear para manter as economias em funcionamento com um impacto menor sobre a natureza. Acima de tudo, a questão é a falta de tempo para salvar a Terra. Lovelock acredita que os homens devem ser o coração e a mente do planeta, não sua doença, e começar imediatamente a defender seu lar.
(Leandro Steiw)
Nome – O Ambientalista Cético
Autor – Bjørn Lomborg
Editora – Campus
Por que ler – O ambientalista dinamarquês Bjørn Lomborg cruzou uma infinidade de dados e estatísticas para separar o que são ameaças reais ao planeta dos modismos de ecologistas. Ele acredita que há muito alarde em algumas questões, como a futura falta de água potável e a elevação da temperatura provocada pelo efeito estufa. O problema ambiental é verdadeiro, segundo o Autor – , mas os riscos não são tão grandes como alguns apregoam. Portanto, ao contestar parte dos números usados por entidades verdes e recorrer às mesmas fontes oficiais, Lomborg produziu um livro polêmico até a raiz. Fez inimigos, que desviaram o foco da questão. Isso não significa que nada deve ser feito. Lomborg acredita que um diagnóstico preciso das ameaças ambientais pode ajudar na definição das ações mais urgentes. Para não ficar só na numerária, ele apresenta respostas para as dúvidas sobre energia, florestas, poluição atmosférica e da água, lixo, chuva ácida, biodiversidade, alimentos e fome.
(Leandro Steiw)
Nome – O Tema Quente
Autores – Gabrielle Walker e Sir David King
Editora – Pbjetiva
Por que ler – Os Autor – es buscam evidências de que o aquecimento global é responsabilidade do homem e não simplesmente um ciclo de alteração da temperatura, como já ocorreu em outras eras. Para eles, não há dúvidas de que o planeta está se aquecendo, com conseqüências drásticas para o equilíbrio ambiental. E a culpa é nossa, sim, senhor. “Petróleo, carvão e gás natural são as três bruxas más da história da alteração climática, porque são ricos repositórios de carbono”, escrevem. Queimar esses combustíveis eleva a taxa de dióxido de carbono no ar, muda a quantidade dos gases do efeito estufa e aumenta a temperatura. Eis uma boa metáfora: “Uma quantidade pequena de gases do efeito estufa pode mudar a temperatura de toda a atmosfera da mesma forma que algumas gotas de tinta podem mudar a cor de uma banheira cheia d’água”. Walker e King não são alarmistas, porém. Eles não consideram a tragédia inevitável e apresentam as medidas que podem, literalmente, salvar o mundo.
(Leandro Steiw)
Nome – Colapso
Autor – Jared Diamond
Editora – Record
Por que ler – A ilha de Páscoa é apenas um dos bons exemplos de como uma civilização pode escolher a destruição. Seus habitantes foram tão terríveis com a natureza que sucumbiram ao próprio desastre ecológico que semearam. Só restaram as imensas estátuas de pedra, quase como um totem do fracasso. Jared Diamond questiona o que não poderiam fazer bilhões de pessoas com instrumentos de metal e a energia de máquinas – como nós – se um punhado de moradores de uma ilha conseguiu destruir seu ambiente usando apenas pedras como ferramentas e seus músculos como fonte de energia. A ilha de Páscoa é uma das sociedades que falharam e que viraram tema do livro do geógrafo americano. A mensagem é que outras nações podem ter o mesmo fim se continuarem a ignorar os danos ambientais, as mudanças climáticas e o crescimento populacional. As escolhas existem – são políticas, econômicas e sociais – e têm de ser feitas para impedir o colapso do planeta.
(Leandro Steiw)