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Cientistas da UFRJ provam que hormônio do exercício protege contra o Alzheimer

Nosso corpo produz a irisina durante atividades físicas - e uma nova pesquisa aponta que ela previne doenças neurodegenerativas e é boa para a memória

Por A.J. Oliveira
Atualizado em 1 ago 2022, 18h01 - Publicado em 8 jan 2019, 11h35

Exercitar-se regularmente proporciona uma série de benefícios ao nosso organismo, e disso todo mundo sabe. O que uma nova pesquisa publicada nesta segunda-feira (7) na revista Nature Medicine acaba de revelar é uma associação menos intuitiva. Praticar exercícios físicos mostrou-se um promissor aliado para evitar o agravamento da doença de Alzheimer. E também melhora o desempenho da memória.

São as duas principais conclusões do estudo liderado pelo bioquímico Sergio Ferreira e pela neurocientista Fernanda de Felice, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em uma investigação minuciosa, que se estendeu pelos últimos sete anos e envolveu pesquisadores de diversos países, os cientistas coletaram evidências convincentes dos efeitos benéficos ao cérebro desencadeados pelo hormônio irisina.

Essa substância é secretada pelo tecido muscular enquanto nos exercitamos fisicamente. Descoberta em 2012 por Bruce Spiegelman, biólogo da Universidade de Harvard, a irisina funciona como uma espécie de transmissora das mensagens químicas da atividade física pelo corpo. Seu nome é uma homenagem à Íris, a deusa mensageira da mitologia grega.

Especialistas nas alterações celulares e bioquímicas causadas pelo Alzheimer, De Felice e Ferreira resolveram investigar se a irisina desempenha algum papel no sistema nervoso central. A primeira etapa da pesquisa foi comparar o nível de irisina no sangue e no fluido cerebrospinal de quatro grupos: pessoas sadias, com perda moderada de memória, com Alzheimer e com outro tipo de demência.

A concentração no sangue manteve-se semelhante entre todos, mas no fluido ela caía pela metade nos pacientes com Alzheimer e demência, mostrando que a alteração ocorria só no sistema nervoso central, e não no restante do organismo. Foi a deixa que sugeriu que o hormônio do exercício teria algum tipo de influência no funcionamento dos neurônios.

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Para entender melhor essa relação, a equipe conduziu uma série de experimentos em camundongos. Quando os roedores eram induzidos a produzir menos irisina (o que era feito injetando no cérebro deles um vírus que prejudica a fabricação desse hormônio), as sinapses, regiões que transmitem os impulsos nervosos entre um neurônio e outro, ficavam comprometidas. E é justamente a sinapse que está diretamente ligada à formação e ao desempenho da memória. O efeito oposto também foi verificado: os animais que produziam mais hormônio do exercício apresentavam ganho no armazenamento de recordações.

A proteção contra doenças neurodegenerativas como o Alzheimer está relacionada a um fortalecimento dos neurônios, impedindo que neurotoxinas se conectem às células nervosas e destruam as sinapses. O próximo passo para os pesquisadores é entender mais a fundo os mecanismos através dos quais a irisina atua nos neurônios. Se novos estudos comprovarem sua eficácia, o hormônio poderá ser incluído no tratamento do Alzheimer e da demência. Mais um motivo para fazer dos exercícios físicos uma rotina.

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