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Cientistas descobrem animal capaz de sobreviver sem oxigênio

O H. salminicola vive parasitando peixes – e é o primeiro animal que consegue sobreviver na ausência de oxigênio.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 28 fev 2020, 16h47 - Publicado em 28 fev 2020, 16h47

Nenhum animal consegue viver sem respirar, certo? Era o que se pensava até agora, mas um novo estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, aparentemente quebrou essa regra.

Uma equipe de cientistas israelenses e americanos identificou uma espécie de animal que sobrevive sem realizar respiração celular aeróbica (ou seja, sem oxigênio). Trata-se do Henneguya salminicola, um parasita microscópico que vive nos tecidos musculares de salmões. A espécie pertence à classe myxozoa, um subgrupo dos cnidários – filo que inclui as águas-vivas – e tem cerca de 10 células, apenas. Quando parasitam peixes ou vermes, esses animais formam pequenos cistos brancos em suas peles, mas não causam mal aos hospedeiros e nem parasitam humanos.

Sequenciando o material genético do bichinho e utilizando técnicas de microscopia, os pesquisadores descobriram que, ao contrário de todos os outros animais conhecidos, ele não possui DNA mitocondrial. A mitocôndria é considerada o motor da célula, uma organela responsável por realizar a respiração celular – o processo que gera energia para a célula na presença de oxigênio. E, sem o DNA que é próprio da mitocôndria, ela simplesmente não funciona.

Até agora, acreditava-se que todos os animais precisassem de oxigênio para viver. O processo de se conseguir energia sem oxigênio é conhecido e se chama anaerobiose – mas ele havia sido observado apenas em seres muito menos complexos, como bactérias ou fungos. 

Tudo indica que o H. salminicola perdeu o DNA mitocondrial ao longo da evolução. Como são parasitas obrigatórios em ambientes essencialmente anaeróbios, esses animais se adaptaram melhor sem fazer respiração celular. Um indício que fortalece essa ideia é a de que estruturas análogas a mitocôndrias são observadas em suas células, mas não são funcionais porque não possuem material genético. 

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Os pesquisadores acreditam que, ao longo da história, os membros do grupo myxozoa tenham perdido diversas características complexas, como tecidos musculares e células nervosas, para se tornarem parasitas mais simples e eficazes, capazes de se reproduzir em grandes quantidades. Isso porque perder essas características é perder genoma – o que exige menos energia na hora de replicar e se reproduzir.  De fato, os myxozoa estão entre os animais com menos material genético que conhecemos.

Mas, se esses organismos não realizam respiração celular, como conseguem energia para se manterem vivos? O estudo não encontrou uma resposta definitiva, mas a equipe teoriza que o parasita possa roubar energia diretamente do hospedeiro, talvez na forma de trifosfato de adenosina (ATP), moléculas que armazenam energia em animais.

Segundo os pesquisadores, a descoberta pode questionar o próprio conceito de “animal” – afinal, não se conhecia nenhum outro que vivesse toda sua vida sem oxigênio. 

Em 2010, uma equipe sugeriu que criaturas microscópicas conhecidas como loriciferas conseguiriam viver sem oxigênio no fundo do Mediterrâneo. Mas os dados foram contestados por outros pesquisadores, especialmente porque não conseguiram trazer as espécimes para laboratório para estudá-las, então ninguém bater o martelo sobre essa questão. Por enquanto, o Henneguya salminicola é o único animal confirmado capaz de viver sem oxigênio.

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