Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Descoberta célula que permite que polvos sintam sabor usando os tentáculos

Mecanismo permite que os moluscos procurem por comida com mais eficiência. É o que mostrou um novo estudo.

Por Bruno Carbinatto
3 nov 2020, 20h11

Os oitos tentáculos de um polvo são muitos mais do que membros que o permitem se locomover e caçar – cada um deles abriga um “mini cérebro” extra que, somado ao cérebro central, dá nove órgãos nervosos para o bicho. Cada um desses “cérebros” é, em grande parte, independente, tomando decisões por si próprio. Mas não é só isso: por incrível que pareça, polvos conseguem sentir o gosto das presas através de seus tentáculos, como se fossem grandes e compridas línguas.

Agora, pela primeira vez, cientistas conseguiram decifrar como esses bichos sentem sabores através do tato. É mais uma para a lista de bizarrices envolvendo os povos – entre outras curiosidades, eles têm três corações, sangue azul e há indícios de que eles consigam reconhecer e diferenciar seres humanos.

A habilidade de usar os tentáculos para explorar o sabor de presas antes de comê-las não é exatamente uma novidade: pesquisadores já sabiam que polvos usavam esse artifício para encontrar comida mais facilmente ao caçar em meio a fendas de corais e pedras, por exemplo, e evitar ingerir presas que poderiam ser potencialmente venenosas ou tóxicas a eles. Mas as bases biológicas desse superpoder eram, até então, desconhecidas.

Em um novo estudo, publicado na revista Cell, pesquisadores da Universidade Harvard descrevem a descoberta de células nervosas exclusivas dos polvos que conseguem sentir o “sabor” das coisas através do toque. Essas células ficam nas ventosas de seus tentáculos e são repletas de receptores quimiotáticos, que respondem a substâncias na água como uma língua humana responde a sabores.

É claro que nos tentáculos também há células que existem em outros animais, responsáveis pelo tato da maneira como conhecemos. Ou seja: os tentáculos de um polvo seriam como uma mistura de nossos membros e nossa língua, capaz de usar o tato e paladar ao mesmo tempo.

Continua após a publicidade

A descoberta foi feita analisando células de dois polvos-da-Califórnia (Octopus bimaculoides), que foram isoladas e testadas em laboratório. No estudo, os pesquisadores perceberam que os receptores se ativavam na presença de várias substâncias diferentes responsáveis por gerar odores e sabores, como extrato de peixe. Essas células então enviam estímulos nervosos aos cérebros independentes de cada tentáculo, que interpreta o sinal como um sabor.

Como o sinal não precisa ir ao cérebro central, isso significa que cada tentáculo pode, por conta própria, interpretar sabores diferentes. Isso dá uma vantagem e tanto para o animal na hora de buscar comida em um cenário lotado de elementos, segundos os pesquisadores.

“As estratégias que esses animais desenvolveram para resolver problemas em seu ambiente são exclusivas deles, e isso atrai um grande interesse de cientistas e não cientistas”, disse, em comunicado, Peter Kilian, um dos autores do estudo. “As pessoas são atraídas por polvos e outros cefalópodes porque eles são totalmente diferentes da maioria dos outros animais.”

Continua após a publicidade

O estudo também identificou que as células receptoras respondiam melhor a substâncias não tão solúveis em água – que são exatamente as mais comuns em suas presas. Substâncias que se dissolveram facilmente no mar, como o sal, não geraram respostas significativas, o que ajuda a não confundir uma pedra com uma comida, por exemplo.

Agora, a equipe diz que novas pesquisas deverão ser feitas para entender a extensão desse super poder, já que não se sabe quantas e quais substâncias são capazes de ativar os receptores. Além disso, é possível que outras espécies de cefalópodes, como lulas e sépias, possuem os mesmos tipos celulares especiais.

Vale lembrar que polvos também têm uma estrutura em suas bocas que lembra uma língua, chamada “rádula”; mas ela é usada para cortar e raspar o alimento, e não possui (até onde sabemos) receptores de sabor como nossa língua. Ou seja, apesar de parecer uma língua, ela funciona mais como um dente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.