Descoberta criança pré-histórica com pais de espécies diferentes
Denny, como foi batizada a menina, tinha 13 anos quando morreu - e era filha de uma neandertal com um denisovano
A menina Denny morreu aos 13 anos, no interior da Rússia, dentro de uma caverna. Tinha tudo para ficar no anonimato para sempre. E quase ficou; foram 90 mil anos escondida do mundo até que, em 2016, ela teve seus ossos encontrados por cientistas. Agora, dois anos depois, Denny vai entrar para a história – e por causa de seus pais. Ela é a primeira criatura hominídea filha de duas espécies diferentes.
A descoberta foi anunciada nesta quarta, 22, por pesquisadores da Universidade de Oxford, que sequenciaram o DNA de Denny (nome que escolheram para batizar a menina). Isso foi possível graças um pequeno osso, que pertenceu a um dos dedos da garotinha pré-histórica e continha material genético suficiente para análise.
Os resultados revelaram que Denny tinha 50% de DNA vindo de uma mulher neandertal, e 50% da genética de um homem denisovano (espécie hominídea que era desconhecida até 2008). Ela é fruto de uma união que diz muito sobre nosso passado mais remoto. “A gente quase pegou eles durante o ato”, brincou o cientista Svante Pääbo, um dos autores do estudo, em entrevista à Nature.
Denny é mais uma prova de que antes de sermos os humanos que vemos no espelho, as criaturas hominídeas procriavam entre si, criando híbridos que ajudaram na nossa evolução. Exatamente por isso é possível encontrar até 3% de genes neandertais em alguns seres humanos.
Há pouquíssimas ossadas de denisovanos catalogadas. E, se mesmo com uma amostragem pequena foi possível encontrar uma descendente direta de uma relação inter-espécies, isso pode sugerir que os encontros sexuais desse tipo eram mais comuns do que se imaginava.
A ciência á havia descoberto um descendente de Homo sapiens com neandertais, mas não era um filho direto – e sim um descendente remoto, com quatro a seis gerações de distância do híbrido original. Uma descendente direta é algo tão inesperado que, inicialmente, nem mesmo os pesquisadores acreditaram na descoberta. “Eu achei que alguém tinha interpretado as coisas [os dados da pesquisa] de forma errada”, afirma Pääbo.