Descoberto vulcão gigantesco escondido no equador de Marte
Esse colosso de 9 km, maior que o Everest, é fotografado por missões não tripuladas desde 1971, mas passou 50 anos despercebido.
Havia um vulcão debaixo do nariz dos astrônomos. Não qualquer vulcão, veja bem: um colosso de 9 km de altura – ou seja, ligeiramente mais alto que o Everest –, com 450 km de diâmetro no ponto mais largo de sua base.
Esse gigante geológico se localiza no equador de Marte e vem sendo fotografado por missões não tripuladas desde 1971, quando a sonda Mariner 9 fez o primeiro clique do dito-cujo.
Mas a erosão o desgastou tanto que não era possível reconhecê-lo como vulcão só de bater olho – motivo pelo qual sua existência passou 50 anos despercebida.
A descoberta foi anunciada em 13 de março pela dupla de pesquisadores Pascal Lee, da Nasa e do Instituto SETI, e Sourabh Shubham, da Universidade de Maryland, na 55º Conferência de Ciências Lunares e Planetárias, organizada no estado americano do Texas.
O vulcão se localiza em uma área de terreno acidentado, entre uma rede de cânions conhecida como Valles Marineris (“vales do marinheiro”, em latim) e uma região de relevo labiríntico chamada adequadamente de Noctis Labyrinthus (“labirinto da noite”, também em latim). Ele não está em erupção no momento, mas não é possível descartá-lo como inativo.
“Há um conjunto de coisas que me deixam excepcionalmente entusiasmado com o vulcão”, disse Lee em uma declaração à imprensa. “É um vulcão antigo, com muito tempo de vida. Ele está tão profundamente erodido que é possível escalar, rodar ou até voar por dentro dele, e datar diferentes partes de seu interior para estudar a evolução de Marte.”
O local também é interessante para a busca de vida extraterrestre, porque tem um histórico único de interação entre calor e água (embora o vulcão se localize na região mais quente do planeta, com temperaturas que alcançam 27 °C, a altitude permite a formação de geleiras).
Por fim, há vantagens práticas: esses depósitos de gelo podem servir como fonte de água potável e combustível de foguete para possíveis missões humanas a Marte.
Sim, combustível. Para fazer isso, o primeiro passo seria usar energia solar para um proesso chamado eletrólise, que separa as moléculas de H2O em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2).
Depois, basta queimar o hidrogênio para ele se reunir novamente ao oxigênio e voltar a formar água. Esse processo é uma reação exotérmica, que libera energia. O célebre acidente do dirigível Hindenburg é um exemplo clássico da violência da queima de H2.
Em suma: se um dia você for visitar Marte, as cercanias deste vulcão são um porto seguro potencial para instalações humanas (a não ser que ele entre em erupção, claro). E suas geleiras, a garantia de que a passagem não é só de ida.