PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Destrinchando números

Jogue muitos bytes em um computador e, voilà, ele organiza tudo e tira conclusões. É o megaprocessamento de dados, que vai mudar a ciência

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 26 fev 2011, 22h00

Texto Sara Godinho

O insight dos pensadores sempre foi fundamental para a ciência. É só pensar na fábula da maçã que caiu na cabeça de Isaac Newton e que o inspirou a criar a Teoria da Gravitação Universal. Hoje, porém, não dependemos apenas do momento “heureka” para avançar nos estudos científicos. Tem também o megaprocessamento de dados – o que, na prática, quer dizer que podemos jogar uma quantidade exorbitante de dados dentro de um computador superpotente e deixar que ele se vire. No fim, a máquina vai organizar a bagunça e mostrar resultados dificílimos de conseguir de outra forma.

O megaprocessamento já está em uso. É assim que as grandes livrarias da internet conseguem sugerir livros de acordo com o perfil de cada cliente – ou, pelo menos, tentam fazer isso. Ao analisar as informações de compras anteriores de um dos milhões de clientes em um programa, ela compara gostos de usuários semelhantes e cria padrões (por exemplo: quem gosta de tricô tem interesse em crochê). Assim, o site oferece livros que você vai querer ler mesmo que nem saiba que eles existem.

Isso tudo só é possível por causa do desenvolvimento acelerado dos sistemas de computadores, que, a cada dia, permitem analisar ainda mais dados por um preço mais em conta. É mais uma consequência da Lei de Moore – nos anos 60, Gordon Moore previu que a capacidade de processamento dos chips aumentaria exponen-cialmente, dobrando a cada 18 meses. Ou seja: processar mais dados fica cada vez mais barato.

Como o espaço para armazenar informações se tornou farto como mesa de Natal em filme, a quantidade de fotos, arquivos e informações que acumulamos não para de crescer. O mesmo vale para os dados recolhidos por um governo ao longo de um ano, ou para a quantidade de vídeos hospedados no YouTube. Só o Google processa 20 petabytes por dia, entre indexar e analisar páginas internet afora, gerar anúncios contextualizados e tarefas semelhantes.

Continua após a publicidade

Processar essa montanha de informações pode levar a um bocado de informações que não conhecemos – ou, em outras palavras, pode fazer ciência. A comparação de imagens de telescópios está levando à descoberta de planetas, galáxias e fenômenos nunca previstos. Seguradoras conseguem prever o risco de atentados terroristas. Órgãos do governo tentam prever a eclosão de epidemias ou conflitos étnicos, para tentar evitá-los.

Para ter ideia da importância dessa ferramenta, tem gente dizendo que ela tornou a intuição dos cientistas obsoleta. Essa é a tese de Ian Ayres, autor do livro Super Crunchers – Por Que Pensar com Números É a Nova Maneira de Ser Inteligente (Ed. Ediouro), que inspirou uma reportagem de capa da revista americana Wired, com o sugestivo – e exagerado – título “O Fim da Ciência”. A tese é que fazer previsões com base na estatística é mais eficiente que confiar na intuição e quebrar a cabeça elaborando modelos teóricos.

Mas, exageros à parte, as duas abordagens devem conviver pacificamente por muito tempo. Até porque o megaprocessamento não consegue dar conta de tudo – os programas e a matemática utilizados não são bons para lidar com números anômalos, por exemplo. Aí é que entram as sacadas dos cientistas – que, aliás, valem cada vez mais.

Continua após a publicidade

Se acostumou com o petabyte? Então prepare-se para conhecer o exabyte. Por enquanto, sua magnitude é tamanha que torna o conceito inútil na vida real. Mas saiba que com 5 exabytes você pode registrar cada palavra que a humanidade já falou em toda a sua história, transcrita em forma de texto.

+ Voo barato
Acompanhando o valor de 175 bilhões de tarifas originárias em 79 aeroportos dos EUA, a empresa Farecast consegue prever, com uma eficácia de 70-75%, quando é o melhor momento de comprar uma passagem de avião. O serviço descobriu, por exemplo, que a velha máxima de que, quanto maior a antecedência, menor o valor, é um mito. Exceto em alta temporada e feriados nacionais, o melhor é comprar sua passagem entre 8 e 2 semanas antes da viagem.

+ Acelerador de partículas
O Grande Colisor de Hadrons (LHC, na sigla em inglês) ficou conhecido como “a máquina do fim do mundo” por tentar recriar o big-bang. Mas o certo mesmo seria chamá-lo de “grande devorador de memória”. Isso porque ele vai produzir 15 petabytes por ano. Os dados têm origem em 1 bilhão de fotografias que serão produzidas por 6 detectores de partículas. As imagens vão registrar 40 milhões de trombadas de prótons acelerados na velocidade da luz – tudo isso para captar uma partícula chamada bóson de Higgs.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.