E se… o homem fosse um animal voador?
A estrutura física do homem não suporta esses dois apêndices. Além disso, ¿um mesmo animal não desenvolve mais de um tipo de proteção, no caso, penas e pêlos¿, diz o professor de fisiologia evolucionária James Hicks, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA).
Texto Nina Weingrill
Parece simples colocar duas asas nas costas de um cara, como na representação clássica dos anjos. Pode esquecer. A estrutura física do homem não suporta esses dois apêndices. Além disso, “um mesmo animal não desenvolve mais de um tipo de proteção, no caso, penas e pêlos”, diz o professor de fisiologia evolucionária James Hicks, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA).
Mas há uma solução, ou até duas, para transformar o Homo sapiens em Homo volans (nome latino que significa “homem voador”). Para sustentar braços e asas, nós teríamos um tronco, no mínimo, duas vezes mais longo que as pernas. Só assim a musculatura do peitoral poderia ser forte o suficiente e ter espaço vertebral para suportar os 4 membros superiores. “Ainda assim, nossos braços teriam que ser muito mais curtos”, diz James. Esquisito demais.
A segunda opção é o “batman” que você vê ao lado. Com o braço transformado em asas, o corpo não precisa de grandes alterações morfológicas. “E, se você voltar no tempo e analisar os registros de todos os vertebrados que já existiram na Terra, não há nenhum com 6 membros funcionais”, afirma o pesquisador. Portanto, é bem provável que, se o homem pudesse voar, ele seria assim.
Nosso peso não seria um problema tão grande: o pterossauro é a prova – morta e fossilizada – de que um animal com 135 quilos e asas de 10 metros de envergadura podia voar. E o bicho ultrapassava os 200 metros de altitude. Se tivéssemos asas, ficaríamos mais ou menos nesse patamar de vôo.
O grande desafio do homem voador seria a decolagem. Animais muito grandes precisam correr bastante para ganhar impulso antes de alçar vôo (é a lógica dos aeroportos: quanto maior o avião, maior a pista). Ou então subir em algum lugar alto e se jogar. De uma montanha ou um penhasco, por exemplo. Mas não de um prédio.
Acontece que humanos sem braços, mãos nem polegares opositores seriam bem toscos no que diz respeito a construir coisas. “É só pensar nos outros animais que possuem a capacidade de voar. Eles não conseguem desenvolver qualquer tecnologia. Nós provavelmente seríamos assim”, diz James. E aí: prefere voar sozinho ou ouvir seu iPod no avião?
Morcegão humano
Veja o que mudaria na anatomia do homem voador
Olhos
Segundo James, os olhos poderiam desenvolver uma proteção extra para não ficarem secos – como, por exemplo, uma glândula lacrimal mais eficaz.
Pêlos
A falta do dedão pode causar grande impacto, mas nenhum deles vai tão longe quanto o efeito provocado na pele e nos pêlos. Sem a capacidade de fazer qualquer tipo de roupa para sua proteção, nós, em pleno século 21, teríamos a aparência de homens das cavernas.
Músculos
Os músculos das pernas e do peitoral devem ser naturalmente maiores para sustentar e dar impulso na hora de levantar vôo. É daí que vem toda a energia do bicho.
Ossos
A estratégia morfológica a ser adotada no desenvolvimento dos ossos pede que eles fiquem cada vez mais leves. Isso ajuda o animal a manter-se no ar durante mais tempo, gastando menos energia.
Braços, mãos e dedos
A ausência dessas 3 partes do corpo humano daria lugar a uma capacidade que só adquirimos em sonhos e videogames. A musculatura peitoral seria toda destinada a dar poder de vôo e impulso ao homem.