No final do ano passado, uma equipe de astrônomos holandeses, ingleses e americanos anunciou a descoberta de uma nova galáxia, vizinha à nossa. Foi uma proeza. A galáxia, batizada de Dwingeloo, fica escondida pelo disco da Via Láctea – uma região de alta concentração de estrelas e nuvens de gás e poeira, que giram em torno do núcleo galáctico. Para os astrônomos, essa parede gasosa funciona como uma “cortina” de luz. Ela impede a visão de 20% do céu.
A nova galáxia fica a “apenas” 10 milhões de anos-luz da Terra (um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). Em termos astronômicos, isso significa que ela está praticamente no nosso quintal um pouco mais distante que Andrômeda, nossa vizinha mais próxima, a 2 milhões de anos-luz. A descoberta é muito importante: a identificação de galáxias próximas é fundamental para os astrônomos entenderem como elas interferem no movimento da Via Láctea, para calcular com maior precisão o ritmo de expansão do Cosmo. O truque usado para enxergar através das nuvens de poeira (a “cortina” de luz formada pela Via Láctea) foi captar ondas de rádio de 21 centímetros de comprimento, emitidas por núcleos de hidrogênio. A Dwingeloo (o nome foi dado em homenagem a um rádio-telescópio na Holanda, por meio do qual a galáxia foi vista pela primeira vez) é do tipo espiral, com cerca de 300 bilhões de estrelas (a Via Láctea possui algo em torno de 200 bilhões).