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Engenheiro mecânico explica porque cadarços desamarram

Pesquisadores revelam o jogo de forças por trás do nó desfeito, e descobrem que inércia é a principal culpada por te fazer levar tombos na calçada

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 abr 2017, 17h19

“Conforme demonstrado por vídeos em câmera lenta e uma série de experimentos, a falha acontece em questão de segundos, geralmente sem aviso prévio, e é catastrófica.”

Não, a frase aí em cima não foi tirada de um relatório da NASA sobre a queda do ônibus espacial Challenger em janeiro de 1986. Também não tem relação alguma com o lendário sumiço do voo 370 da Malaysia Airlines em 2014. Ela é, na verdade, o dramático relato de um cadarço de sapato prestes a desamarrar – e abre um artigo científico, publicado nesta quarta, na prestigiada revista britânica Proceedings of Royal Society.

Nele, o engenheiro mecânico Christopher Daily-Diamond, da Universidade da Califórnia, conta como filmou, em câmera lenta e ao melhor estilo Mythbusters, sua colega Christine Gregg correr em uma esteira até os laços de seus tênis se soltarem (ela conseguiu desligar o aparelho antes de cair, ufa!). Sua intenção era entender o jogo de forças que desfaz o nó, e descobrir porque a simples ação de andar é suficiente para afrouxá-lo.

Parece uma pesquisa perfeita para o blog Ciência Maluca, mas há mais coisas entre o céu e os seus calçados do que sonha nossa vã filosofia. “Se você entende o laço de sapato, então você pode aplicar esse conhecimento a outras estruturas que estão sob ação de forças dinâmicas, como moléculas de DNA”, explicou Daily-Diamond à BBC. “Esse é o primeiro passo para entender porque certos nós são melhores do que outros, algo a que ninguém havia se dedicado ainda.”

Dito isso, vamos à explicação. Seu nó não solta aos poucos. De fato, ele pode passar longos períodos amarrado sem passar por nenhuma alteração notável – e soltar de vez em uma ou duas passadas. Ao correr, o pé de uma pessoa atinge o solo com sete vezes mais força do que um objeto que caísse só por influência da gravidade. No momento do impacto, o laço se estica e fica sob tensão, que é liberada quando o pé sai do chão novamente. Esse vai e vem imperceptível acaba deformando o centro do nó, e diminui sua resistência, preparando o terreno para o “golpe de misericórdia”.  

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Depois, o processo é o mesmo que você faz todos os dias ao chegar em casa e tirar os sapatos: puxar a ponta solta de um dos lados do laço para desfazê-lo. A diferença é que aqui não são dedos que fazem o trabalho sujo, mas a inércia. Quando o pé toca no chão, seu movimento para frente é interrompido. O laço, porém, continua seu caminho – da mesma forma que você é jogado no colo de um estranho quando o ônibus freia rápido demais.

Se o nó já estiver enfraquecido após uma longa caminhada, esse puxão na extremidade do cordão é suficiente para desamarrar o tênis em um piscar de olhos.

“O nó do cadarço se desfaz por causa do mesmo tipo de movimento que conhecemos, só que feito pelas forças dinâmicas da natureza, uma mão invisível”, afirmou Gregg, que além de cobaia foi co-autora do estudo. Pois é, física, Adam Smith ficaria orgulhoso. Agora é só amarrar a matéria. 

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Com um passe de mágica, se você preferir.

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