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Enorme depósito de água doce se esconde embaixo do mar no Havaí

Rochas vulcânicas porosas, em um segmento submerso de uma das ilhas, contêm um aquífero que pode salvar o abastecimento de água do arquipélago.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 26 nov 2020, 21h08 - Publicado em 26 nov 2020, 21h06

O Havaí, um arquipélago vulcânico isolado no Oceano Pacífico, está totalmente cercado de água – salgada, é claro. Para manter seus 1,4 milhão de habitantes vivos e a economia funcionando, o estado americano precisa recorrer às chuvas e a aquíferos subterrâneos.

Já se sabe que o nível dos reservatórios no subsolo caiu nas últimas décadas graças ao aquecimento global. A água da chuva, por sua vez, não supre sozinha a enorme demanda do estado. Que tal um plano B? É pra já:

Um grupo de geofísicos e geólogos encontrou aquíferos de água doce abaixo do leito do oceano. Essas formações inusitadas – não é todo dia que se encontra água doce escondida embaixo da água salgada – rodeiam a maior ilha do arquipélago e contêm cerca de 3,5 quilômetros cúbicos de água. Cada quilômetro cúbico equivale a um trilhão de litros.

Segundo a equipe, esse reservatórios podem servir como uma fonte confiável de água doce para o estado caso haja períodos prolongados de seca no futuro. O estudo foi publicado no periódico especializado Science Advances.

Tudo começou quando os pesquisadores notaram discrepâncias muito grandes entre os modelos teóricos sobre a quantidade de água que deveria existir nos aquíferos e as medições feitas na vida real. A quantidade de H2O era cerca de 40% menor do que o previsto – uma diferença acentuada demais para se arbuir apenas as mudanças climáticas. Para onde, afinal, essa água está indo?

Ilhas são como Icebergs: a parte que fica acima do nível do mar é só a cereja do bolo. O vulcão dormente Mauna Kea, ponto mais alto do Havaí, tem quatro quilômetros de altitude – mas se estende por outros seis quilômetros invisíveis até alcançar o fundo do Pacífico. Esses quilômetros submersos evidentemente não se erguem como uma torre a partir do leito: a massa rochosa tem a forma de um cone, com a base mais larga que o topo.

Uma das hipóteses era que a água subterrânea estivesse escorrendo de rochas localizadas na “ponta do iceberg” – a parte da ilha que emerge da linha da água – para rochas do trecho submerso. A equipe, então, desenvolveu um equipamento para testar essa hipótese: uma espécie de máquina de ressonância magnética gigante, com 40 metros de comprimento.

A grande sacada aqui é que a água salgada do mar conduz eletricidade muito melhor do que a água doce. Isso permite diferenciar a interação do campo magnético com as duas versões do líquido.

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Os tais “rios subterrâneos” são caminhos formados de basalto, um tipo de rocha vulcânica porosa. Conforme a água da chuva é absorvida pelo solo, ela penetra nos aquíferos da parte alta da ilha e depois escorre, infiltrada nas rochas que parecem Suflair, para depósitos em locais mais baixos.

Não será fácil perfuraressas rochas para confirmar a presença de água doce e iniciar a extração. Mas a equipe acredita que, com investimento suficiente, seja possível explorar esse recurso sem causar grandes danos ao ecossistema local. Além disso, outras ilhas do arquipélago podem ter sistemas semelhantes – os pequisadores, até agora, analisaram apenas a maior ilha do Havaí, que se chama apenas… Havaí.

Formações geológicas similares ao Havaí, como as ilhas de Reunião (um departamento francês situado no Oceano Índico), Cabo Verde (um país insular na África) e as Galápagos (grupo de ilhas no Oceano Pacífico pertencentes ao Equador) podem esconder reservatórios parecidos. O método criado pelos pesquisadores poderia ser utilizado para analisar esses lugares, já que é uma forma não invasiva de procurar por água doce em rochas submersas.

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