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Entenda o mistério por trás do desaparecimento das orcas do Pacífico

Enquanto as comunidades de orcas do norte estão prosperando, as do sul não param de diminuir. Entenda as hipóteses por trás do desaparecimento desses cetáceos.

Por Manuela Mourão
26 out 2024, 10h00

Há um tempo, pesquisadores vêm notando que as populações de orcas que vivem no Oceano Pacífico estão diminuindo, mas não se sabe exatamente o motivo. Uma das grandes hipóteses para o mistério era que esses animais não tinham mais acesso à fonte primária de alimentação deles, os salmões. Um novo estudo prova que não é bem assim. 

“Southern Residents” (residentes do sul, do inglês) é como um grupo de orcas do Pacífico ficaram conhecidas. O apelido veio por causa do pedaço de mar que esses cetáceos escolheram para chamar de lar: a costa da América do Norte, da Califórnia, nos Estados Unidos, até a Colúmbia Britânica, no Canadá. 

Seu caminho de migração é visto em muitos animais marinhos, elas sobem para o norte durante os meses mais quentes, e voltam ao sul quando o frio retorna. No último senso, de julho de 2023, consta que existem 74 orcas, divididas em três famílias diferentes. Contudo, esses mamíferos estão passando por grandes dificuldades para manter suas populações. 

O mais estranho? Elas são os únicos mamíferos marinhos deste ecossistema que estão nessa situação.

Um artigo do ano passado, publicado na Nature Ecology & Evolution revelou que esse grupo de orcas, que já se encontra em estado de perigo há quase 50 anos, enfrenta desafios adicionais que podem comprometer sua sobrevivência. 

No estudo, a grande teoria seria de que embora os esforços de conservação tenham sido intensivos, as orcas estariam sofrendo com os efeitos da endogamia, acasalamento de indivíduos que são da mesma família, uma condição que prejudica a saúde genética e a viabilidade da população.

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Uma outra hipótese proposta entre a comunidade científica, é que os cetáceos não estariam se alimentando direito, por dificuldades em acessar cardumes de salmão. Agora, um estudo publicado no veículo PLoS ONE, mostrou que essa sugestão popular não está certa.

Burak Saygili e Andrew Trites, os biólogos de mamíferos marinhos responsáveis pela pesquisa, da University of British Columbia, consultaram com equipes de observação de baleias e pescadores esportivos para entender como andam os padrões dos peixes conhecidos como salmão-rei.

A resposta foi que não notaram nada fora do padrão com esses animais, e que não era incomum que avistassem as orcas junto aos cardumes. 

Os pesquisadores notaram que o alimento das baleias do sul eram duas vezes mais presentes nos “hot-spots” de alimentação, quando comparados com os espaços de alimentação das primas do norte. 

Logo, se o problema não está na disponibilidade de presas, a hipótese da dupla é de que o x da questão estaria na captura dos salmões, adversidade provavelmente causada pelos barulhos dos barcos da região. “Estudos sobre as residentes do sul carregando etiquetas de som, descobriram que a probabilidade de as baleias assassinas capturarem presas aumenta à medida que a abundância de salmão aumenta, mas é afetada negativamente pelos movimentos e ruídos de embarcações próximas”, explicaram os autores na pesquisa.

Isso porque a comunicação entre os animais pode ser interferida com o barulho dos motores, e a presença dos barcos pode diminuir o conforto que eles sentem para caçar. O sul também registraria mais trânsito de barcos motorizados do que o norte, local onde as comunidades de orcas continuam crescendo normalmente. 

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“Duas populações de baleias assassinas frequentam as águas costeiras da Colúmbia Britânica. Uma dessas populações, as residentes do norte, varia do sul da Colúmbia Britânica ao sudeste do Alasca – e triplicou para mais de 300 indivíduos desde que o monitoramento começou no início dos anos 1970”, escreveram os pesquisadores. 

Outra hipótese apresentada por Saygili e Trites é que a alimentação das baleias sofria com a mudança de estações. Ou seja, elas teriam mais acesso aos salmões durante o verão, enquanto na primavera, por exemplo, entrariam em crise. Esse cenário explicaria o porquê de terem encontrado uma orca recém nascida que morreu de fome, nesse período no ano anterior. 

“Nossas descobertas sugerem que as orcas residentes do sul não têm mais limitação alimentar durante o final do verão do que as orcas do norte”, registraram os autores do estudo. “O que implica que a diferença nas taxas de crescimento das duas populações se deve a outros factores (como, endogamia, perturbação, contaminação, competição) ou que as baleias assassinas residentes no sul estão enfrentando uma escassez de alimentos durante a primavera.”

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