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Escavações em Pompeia geram briga entre pesquisadores

Especialistas no estudo do vulcão Vesúvio acusam arqueólogos de destruir depósitos vulcânicos de forma indiscriminada para revelar artefatos romanos

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 26 jul 2019, 09h11 - Publicado em 26 jul 2019, 09h10

Aos pés do monte Vesúvio, um dos vulcões mais perigosos do mundo, especialistas em duas áreas de pesquisa fascinantes travam um embate científico. De um lado, arqueólogos desejam continuar com seus projetos para escavar cada vez mais a região e desvendar detalhes sobre a vida em Pompeia, destruída por uma erupção no ano 79 depois de Cristo. Do outro, vulcanólogos querem preservar (e estudar) os ricos depósitos vulcânicos do local.

Acontece que, da forma como têm sido conduzidos, os esforços para revelar a história de Pompeia estão destruindo a história do Vesúvio. Vulcanólogos publicaram em julho uma carta no periódico Nature denunciando o descaso dos arqueólogos com a ciência dos vulcões. “Parecem não perceber que o entusiasmo pela arqueologia está cometendo um ato de vandalismo contra a vulcanologia”, disse Roberto Scandone, um dos autores, ao Guardian.

Ele e seus colegas defendem que preservar determinadas porções estratégicas de depósitos vulcânicos (isto é, a camada de cinzas que cobre a cidade) durante as escavações ajudaria a transformar o Vesúvio e seus assentamentos romanos em um supermuseu natural para as gerações futuras. “Deixar alguns depósitos no lugar é valioso não só para os cientistas, mas também aos visitantes, que poderão ver em primeira mão como o vulcão destruiu a cidade”, disse Scandone.

Para assegurar a integridade dos registros que contam o passado do Vesúvio, o grupo entrou com um apelo ao ministro da cultura italiano. Mas os arqueólogos ainda não se manifestaram a respeito. Na carta da Nature, os vulcanólogos argumentam que trabalhos desenvolvidos no local nos anos 80 revolucionaram as reconstruções arqueológicas do desastre.

Foi assim que descobrimos como fluxos piroclásticos, nuvens de gás, cinzas e pedras a centenas de graus Celsius dizimaram Pompeia. Pensando nisso, a carta sugere uma abordagem harmônica, com as duas especialidades trabalhando em conjunto. “Essas histórias arqueológicas e vulcânicas juntas oferecem um insight único sobre como sociedades vivem e morrem à sombra de um vulcão”, escreveram os cientistas, que gostariam de conduzir pesquisas relevantes no local.

Estudos que, inclusive, podem ajudar a salvar populações que vivem em áreas vulcânicas durante futuras erupções. Entendendo como os fluxos piroclásticos engolfam prédios de verdade através de análises nas ruínas em Pompeia, os especialistas esperam melhorar os métodos de proteção em situações de emergência.

Mas, desde o início do Greta Pompeii Project, em 2012, as escavações se intensificaram – em detrimento dos depósitos. O diretor do parque arqueológico, Massimo Osanna, disse à revista Newsweek que todas as atividades foram acompanhadas por vulcanólogos da Universidade de Nápoles Federico II.

Mas Scandone critica que só dois pesquisadores foram autorizados a testemunhar novos cortes nos depósitos, sem poder fazer nada para salvá-los. “Os arqueólogos não veem problema nenhum, eles evitam a tensão simplesmente porque ignoram a questão e acreditam que o sítio é propriedade deles”, diz. Com um pouco mais de cooperação e conversa, cabe todo mundo da ciência em Pompeia — é só combinar direitinho.

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