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Espécie “prima” do homem pode ter se adaptado às mudanças climáticas

Crânio de 2 milhões de anos é o mais antigo da espécie Paranthropus robustus e traz pistas sobre a evolução humana.

Por Carolina Fioratti
10 nov 2020, 19h03

Em 2018, durante uma escavação na caverna Drimolen, na África do Sul, Samantha Good, estudante de graduação de antropologia da Universidade da Ilha de Vancouver, encontrou o que parecia ser um antigo crânio humano. Após análises, descobriu-se que aquele fóssil pertencia a um Paranthropus robustus, um antigo “primo” do homem com dentes grandes e cérebro pequeno. O achado, que foi datado em dois milhões de anos, é o mais antigo e bem preservado já encontrado até hoje. 

A relíquia também indica como a espécie pode ter passado por microevoluções durante um período de mudanças climáticas severas, colocando em discussão algumas percepções que os cientistas tinham no passado. O estudo, feito por pesquisadores da Universidade La Trobe de Melbourne (Austrália), foi publicado nesta segunda-feira (9) na revista científica Nature.

De acordo com os pesquisadores, o DNH 155, como foi rotulado, pertencia a um macho da espécie. Mas essa atribuição guardava uma curiosidade: a maior parte dos fósseis encontrados na região de Drimolen parecia pertencer a fêmeas, sendo encontrados mais machos em Swartkrans, uma caverna próxima. A diferença entre machos e fêmeas costumava ser definida pelo tamanho do crânio – com os fósseis das fêmeas sendo menores.

Mas havia algo estranho nessa história. O fóssil de P. robustus encontrado por Samantha Good era menor do que aqueles vistos em Swartkrans. A teoria sustentada até então, de que fêmeas viviam apenas em um local e machos em outro, não fazia mais tanto sentido.

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Adaptações sofridas durante mudanças climáticas abruptas podem ser a resposta para essa diferença. Há dois milhões de anos, essa região ao norte de Joanesburgo deixava de ser úmida para se tornar seca e árida. Isso indicava uma mudança na vegetação e, consequentemente, na alimentação da espécie. O P. robustus teria que comer plantas resistentes, tendo músculos de mastigação mais fortes. 

Mas não foi isso que os cientistas identificaram no DNH 155. Tais indícios levavam a crer que o fóssil encontrado e outros vistos em Drimolen não eram necessariamente de fêmeas, mas sim formas anteriores da espécie que não haviam sido submetidos às pressões ambientais. Ou seja, suas mandíbulas ainda não haviam sido fortalecidas para lidar com a vida no clima árido. 

O P. robustus viveu e provavelmente competiu por recursos com o Homo erectus, ancestral direto do Homo sapiens. O fóssil estava tão bem preservado que os pesquisadores conseguiram até mesmo identificar seus ductos nasolacrimais (por onde as lágrimas escorrem). 

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