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Esta paisagem brasileira pode ser a mais antiga do planeta – intacta há 70 milhões de anos

Maciço do Urucum (MS) abriga rochas que estão expostas na superfície desde o tempo dos dinossauros — nem mesmo as fortes chuvas do pantanal conseguem desgastá-las.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 7 jun 2019, 19h33 - Publicado em 7 jun 2019, 19h22

No extremo oeste do Mato Grosso do Sul, a 30 quilômetros da fronteira com a Bolívia, um morro imponente se destaca na paisagem. É a maior e mais culminante formação rochosa do estado, com cerca de mil metros de altitude. Está localizada na zona rural de Corumbá, uma das cidades mais extensas do Brasil, cuja área supera a da Suíça.

Recentemente, pesquisadores foram olhar de perto as rochas da região — e descobriram que são antigas. Muito antigas.

Análises de diversos elementos químicos indicaram que as pedras hoje expostas no Maciço do Urucum permaneceram praticamente intactas pelos últimos 70 milhões de anos. Elas estão do mesmo jeito desde a época que os dinossauros caminhavam sobre a Terra.

Não se sabe de nenhum outro pedaço da crosta terrestre que tenha resistido por tanto tempo às intempéries. Essas montanhas são, provavelmente, a paisagem mais antiga do planeta. Pelo menos até que se prove o contrário.

Levando em conta que o ambiente fica em pleno pantanal, bioma muito chuvoso, tamanha conservação torna-se ainda mais surpreendente. Chuva costuma causar erosão de formações rochosas como essa. Quem liderou os estudos que chegaram a esta conclusão foi o geólogo Paulo Vasconcelos, pesquisador da Universidade de Queensland em Brisbane, na Austrália. Os resultados foram publicados no periódico Earth and Planetary Science Letters.

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Foram analisados isótopos de hélio, berílio, alumínio e cloro nas rochas para descobrir quimicamente o tempo pelo qual elas ficaram expostas. O estudo ajudou a explicar porque, mesmo com tanta chuva, foi encontrado um baixo índice de erosão. 

O processo está relacionado às grandes concentrações de ferro (e outros minerais) no local. Eles preenchem os poros das rochas, o que impede a entrada de água. Com o passar do tempo, esses elementos acabam “cimentando” as pedras, que se tornaram praticamente impermeáveis, limitando muito a erosão. Foi assim, acreditam os cientistas, que a paisagem ficou protegida.

É claro, porém, que a região não desperta o interesse apenas dos geólogos. Mineradoras exploram a área, e atuam fortemente no Maciço do Urucum, extraindo dali sobretudo ferro e manganês, mas também outros minérios.

A maior delas é a Vale, dona de 20 barragens de rejeitos de ferro em Corumbá. Depois das tragédias de Mariana e Brumadinho, as autoridades locais ficaram preocupadas. A paisagem resistiu intacta à ação da natureza por 70 milhões de anos — seria o cúmulo que a ação do homem a destruísse.

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