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Estoque de lipídios no interior das nossas células é armadilha contra bactérias

"Guloseimas" atraem micróbios, que então são derrotados por uma rede de proteínas construída para proteger a célula de penetras indesejados. A descoberta pode ajudar com o desenvolvimento de novos antibióticos contra bactérias resistentes.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 23 out 2020, 14h52 - Publicado em 23 out 2020, 14h51

Os mamíferos armazenam, no interior de suas células, gotículas de lipídios, que são moléculas como as gorduras, ceras e óleos. Os lipídios são matéria-prima para produzir hormônios, gerar energia e fazer manutenção na membrana celular. Por isso, bactérias invasoras roubam esses insumos de nós para utilizá-los em sua própria multiplicação. 

Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que as gotículas, por serem alvos tão valiosos, têm sua superfície externa equipada com uma rede de proteínas que combatem os microorganismos. Tais proteínas consistem na primeira linha de defesa do sistema imunológico contra patógenos quando eles superam barreiras externas e acessam o interior das células. Foram usadas células de camundongos no trabalho. 

O estudo foi publicado em 15 de outubro no periódico especializado Science, e pode abrir caminho para novos antibióticos. Até 2050, mais de 10 milhões de pessoas podem morrer nas mãos de linhagens de bactérias que evoluíram, por seleção natural, resistência aos medicamentos disponíveis. Descoberta como essa indicam caminhos importantes para vencer a corrida armamentista microscópica. 

Na imagem, você vê as bactérias, em azul, mergulhadas em uma substância cinza, que é o citosol (o “recheio” da célula). Em volta, fica a membrana plasmática, que é a parede da célula. As gotículas de lipídios que atraem as bactérias estão representadas pela cor verde. No detalhe, a lista de proteínas (a maioria delas não têm nome, só número) que as gotículas usam para se blindar. (Associação Americana para o Avanço da Ciência/Divulgação)

Até então, acreditava-se que os lípidios abasteciam inocentemente a multiplicação dos patógenos, sem resistência por parte da célula. Agora, sabemos que as células usam esses componentes vulneráveis justamente como uma armadilha: as bactérias avançam pensando que encontraram almoço de graça, e então são atacadas inesperadamente.

“Pensando em retrospecto, faz sentido que, após milhões de anos de batalha entre animais e patógenos, as células tenham apresentado uma resposta”, diz à New Scientist Robert Parton da Universidade Queensland, na Austrália, um dos autores do estudo. A SUPER tentou contato com os pesquisadores, mas não obteve resposta.

Algumas bactérias, é claro, já evoluíram uma certa malandragem no trato com as gotículas, e não são afetadas. É o caso das salmonelas. Também não há evidências de que essas defesas sejam eficazes contra vírus.

A descoberta talvez abra caminho para novos antibióticos que, utilizando mecanismos semelhantes ao observado nas células de ratos, sejam capazes de combater superbactérias. “A finalidade é poder usar esse conhecimento para combater a resistência das bactérias e ter o mecanismo como parte do nosso arsenal”, diz Parton.

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