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Estudo descobre que tarântulas são peludas para evitar serem comidas vivas

O estudo também desvendou relações das aranhas peludas com outras espécies – inclusive uma fofa e inusitada amizade com rãs.

Por Bela Lobato
Atualizado em 6 set 2024, 16h01 - Publicado em 6 set 2024, 16h00

As tarântulas, também conhecidas como caranguejeiras, são aranhas que existem em quase todo o mundo, exceto na Europa e no norte da América do Norte. Elas são conhecidas pelo tamanho assustador e por serem “peludas”.

Na verdade, o corpo delas não é revestido de pelos como os nossos, mas sim por pequenas estruturas chamadas cerdas urticantes, que servem como um órgão sensorial e de defesa.

Agora, um estudo publicado no Journal of Natural History descobriu uma nova utilidade para os pelos das tarântulas: protegê-las de virarem jantar de formiga. O estudo investigou as relações ecológicas entre as espécies de caranguejeiras e vários outros animais. 

Algumas tarântulas da América do Sul vivem em tocas que são frequentadas pelas chamadas formigas-de-correição. Esse nome genérico inclui mais de 200 espécies de formigas carnívoras que são conhecidas por fazerem expedições em grupos enormes e, em muitos casos, comer aranhas vivas. 

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Entretanto, nas tocas das tarântulas, essas formigas são bem mais pacíficas e trabalham como faxineiras, removendo restos indesejados de alimentos. Os cientistas descobriram que a principal razão para a diferença do tratamento é a presença das cerdas nas aranhas. 

“Os pêlos densos que cobrem o corpo da tarântula dificultam que as formigas mordam ou piquem a aranha”, disse, em comunicado, o principal autor do estudo, o aracnólogo finlandês Alireza Zamani. “Portanto, acreditamos que a pilosidade pode ter evoluído como um mecanismo de defesa.”

Nos raros casos em que os pesquisadores observaram as formigas atacarem, os pêlos rígidos das tarântulas ofereceram proteção adequada. Isso explica também porque as tarântulas que vivem em tocas cobrem os seus sacos de ovos com pêlos – para afastar as formigas que circulam pela área.

Os pesquisadores também constataram que as espécies de tarântulas menos peludas contam com outras estratégias específicas para fugir das formigas, como se esconder debaixo d’água ou fugir. A Avicularia hirschii, por exemplo, é uma aranha nativa do Peru e se pendura na ponta de uma folha quando sente a horda de formigas de correição por perto.

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Tarântula pendurada em uma folha para escapar de formigas correição.
(Emanuele Biggi/Reprodução)

Mas nem todas as relações das caranguejeiras são assim tão tensas. O estudo descreveu mais de 60 casos de parcerias amigáveis entre tarântulas e anfíbios em dez países diferentes. “Aparentemente, os sapos e rãs que vivem nos refúgios das tarântulas se beneficiam do abrigo e da proteção contra seus predadores”, disse Zamani. “Por sua vez, eles se alimentam de insetos que podem ser prejudiciais à aranha, seus ovos e seus filhotes.”

A amizade parece ser ainda melhor com algumas espécies de anfíbios que se alimentam de formigas e não excretam substâncias desagradáveis para as aranhas. Nesses casos, os dois animais chegam a dividir a toca e o anfíbio vira um tipo de guarda-costas, já que se alimenta dos restos de alimentos da aranha e das eventuais formigas que se aventurarem.

Assim como na imagem da capa deste texto, o artigo está cheio de imagens fofas de aranhas peludas enormes ao lado de sapinhos pegajosos. Na verdade, as tarântulas têm relações boas com vários tipos de animais, como outras aranhas e até com cobras, algumas com quem elas também conseguem dividir tocas.

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