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Estudo sugere que insetos podem sentir dor física

Sim: eles provavelmente sofrem toda vez que são vítimas de uma chinelada

Por Maria Clara Rossini
19 jul 2022, 10h34

Não é fácil estudar a percepção de dor em insetos. Algumas pesquisas sugerem que a dor pode estar associada à emoção – por outro lado, costumamos ver os insetos como animais guiados pelo instinto, e que talvez não vivenciem a dor da mesma forma que os humanos.

Mas algumas pesquisas recentes têm contestado essa ideia. Cientistas da Queen Mary University of London, no Reino Unido, analisaram diferentes artigos e experimentos já realizados sobre o tema. E eles concluíram que sim: os insetos provavelmente sofrem toda vez que são vítimas de uma chinelada.

Vale diferenciar dois conceitos aqui: o de dor e o de nocicepção. A nocicepção é a detecção, pelo sistema nervoso, de estímulos desagradáveis: queimaduras, cortes ou contusões, por exemplo. Ela gera uma série de respostas físicas e psicológicas nos animais. A percepção de dor pode ser uma das consequências da nocicepção.

Ou seja: não é porque um pernilongo foge da chinelada que ele necessariamente sente dor quando é atingido. Já se sabe que os insetos evitam contatos que possam machucá-los (e até bactérias podem fazer o mesmo). E estudos mostram que a sensação de dor pode ser regulada independentemente da nocicepção.

Nos mamíferos, os nociceptores enviam sinais ao cérebro quando detectam um estímulo nocivo. Os neurônios, então, geram a sensação negativa e física da dor. “Soldados às vezes não percebem ferimentos graves no campo de batalha porque os opióides do próprio corpo suprimem o sinal nociceptivo”, disse a autora Matilda Gibbons ao portal britânico Newsweek. “Nós então nos perguntamos se o cérebro dos insetos teriam mecanismos nervosos associados à experiência da dor, que vai além da nocicepção básica”.

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Os insetos não possuem os receptores de opioides que ajudam os mamíferos a lidar com a dor. No entanto, eles produzem algumas proteínas durante eventos traumáticos que podem exercer a mesma função. 

Uma pesquisa de 2019 constatou que as moscas drosófilas, comumente usadas em experimentos científicos, demonstram sintomas de dor crônica quando têm a perna amputada. No experimento, a perna oposta à amputada se tornou hiper-sensível.

Não dá para colocar os insetos em uma caixinha e afirmar que a percepção de dor é a mesma para todos eles. No entanto, diferentes estudos têm mostrado que talvez os insetos tenham sistemas de sensação de dor mais complexos do que imaginávamos.

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