Em 1859 discutir a teoria da evolução das espécies pela seleção natural, de Darwin, era subversão. A autorização da polícia de Paris para que o cirurgião, neurologista e antropólogo Paulo Broca reunisse 18 colegas para discutir ciência incluía, previdentemente, a nomeação de um espião para assistir todas as seções. Massacrado por intermináveis debates sobre história, filosofia, misticismo, medicina, psicologia, o pobre espião entregou os pontos: resolveu sair para um passeio, para desenferrujar pernas e miolos e tentou arrancar de Broca a promessa de que, na sua ausência, nada seria dito contra a religião, a família ou o Estado. O cientista foi implacável: “Não, meu caro, você não pode sair. Sente-se aí, ganhe honestamente seu dinheiro e cumpra seu dever, que nós vamos continuar cumprindo o nosso.”