Maria Fernanda Vomero
Sexo sem filhos é uma conquista consolidada desde 1954, quando se inventou a pílula anticoncepcional. Com as modernas técnicas de fertilização in vitro, o contrário também é possível – filhos sem sexo. O óvulo e o espermatozóide continuam se encontrando, como antigamente – mas dentro de um tubo de ensaio, no laboratório. A novidade não tem graça nenhuma em comparação com o método tradicional, mas é a única esperança para casais com problemas de fertilidade. Logo será possível até escolher se o bebê será menino ou menina. Se os pais quiserem um menino, bastará selecionar um espermatozóide com um cromossomo Y, que determina o sexo masculino.
Mas isso não é nada perto do que a manipulação de genes pode fazer. E quando começarem a clonar gente? A possibilidade surgiu em 1997, quando o geneticista escocês Ian Wilmut anunciou o nascimento de uma ovelha gerada a partir de células não sexuais. O resultado, Dolly, é um clone, ou seja, um indivíduo com os mesmos genes de sua mãe. Wilmut demonstrou que dá para ter filhotes sem mistura de genes. Mas tudo tem seu preço. “Sem sexo não há diversidade. E isso é fatal para a espécie”, disse à SUPER a bióloga Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Quem sabe é super
A base teórica para a clonagem foi lançada em 1938 pelo cientista alemão Hans Spemann.
O início, num tubo de ensaio
Desde os anos 70, casais que não conseguem ter filhos por meios naturais recorrem à fertilização in vitro. Os ovários da mãe são estimulados, por meio de remédios, a produzir mais óvulos. O médico, então, retira uma média de dez deles e injeta um espermatozóide do pai em cada um, com uma agulha bem fina. Os mais promissores dentre os embriões que se formam são colocados no útero materno depois de três dias. Como nem todos conseguem se desenvolver, os médicos implantam na mulher até quatro embriões de uma vez. Por isso é comum o nascimento de gêmeos de proveta.
A cara do pai
Como os cientistas fazem clones de animais adultos.
1. Primeiro eles colhem células de uma parte qualquer do corpo do bicho. No caso deste ratinho, elas saíram do rabo.
2. Delas é retirado o núcleo, que contém todo o material genético do rato. É ele que vai ser usado para fazer o clone.
3. Por meio de um choque elétrico, os pesquisadores fundem o núcleo recém-extraído a um óvulo sem núcleo e não fecundado, extraído de uma rata.
4. Imediatamente, a nova célula começa a se dividir, formando um embrião. Depois de alguns dias, ele será implantado em outra rata, que servirá de barriga de aluguel.
5. O resultado do processo, o clone, é uma cópia exata do pai, sem qualquer mistura de genes.
O ratinho Fibro, criado no começo deste ano nos Estados Unidos, é o primeiro clone de um macho adulto. Sua antecessora mais ilustre, a ovelha escocesa Dolly, foi gerada a partir da célula mamária de uma fêmea