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Fígado cresce 50% durante o dia, e volta ao normal à noite, mostra estudo

Pesquisa com ratos indica que a rotina biológica influi diretamente nos picos de atividade do órgão – e, também, em seu tamanho ao longo do dia.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 26 Maio 2020, 19h11 - Publicado em 5 jun 2017, 19h17

Você provavelmente já ouviu sobre a capacidade que o fígado tem de se regenerar. No melhor estilo Wolverine, conseguimos recuperar até 75% do tecido hepático em caso de lesões ou se precisarmos transplantar um pedaço para alguém, por exemplo.

Mas um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, sugere que essas flutuações de tamanho são ainda mais comuns do que se imaginava – e inclusive obedecem a lógica do famoso “efeito sanfona”. Isso porque durante o dia, período em que você está mais ativo, seu fígado é até 50% maior do que o normal. O órgão volta ao tamanho original enquanto você dorme – antes de crescer de novo, em um processo que se repete naturalmente, dia após dia.

Essas conclusões vêm de uma pesquisa publicada na revista científica Cell, em que os pesquisadores investigaram a relação entre o comportamento do fígado de ratos e sua rotina. Da mesma maneira que funciona com a gente, esses animais também têm períodos definidos para descanso e para suas atividades diárias. A única diferença é que os roedores são noturnos: preferem repousar quando está claro e aproveitar a noite para comer, se exercitar, arranjar um parceiro ou outra dessas coisas da vida animal.

Durante a noite, quando as cobaias estavam mais ativas e devidamente alimentadas, os cientistas registraram os maiores picos de atividade do fígado – assim como o tamanho até 50% maior. Nesse período, não só as células hepáticas ficaram maiores, inchando assim todo o órgão, mas também cresceu o número de ribossomos. Essas organelas são especialistas na síntese proteica, o que explica a maior quantidade de proteína dentro das células encontrada pelos pesquisadores.

No entanto, essas mudanças não se repetiram quando o ritmo biológico das cobaias foi invertido. Quando os ratinhos tiveram de ficar acordados durante o dia, seus fígados não cresceram da mesma maneira e a atividade do órgão se manteve estável, mesmo havendo demanda para isso.

De acordo com os pesquisadores, o resultado do estudo mostra o quanto hábitos desregulados podem interferir no funcionamento do fígado. Se o mecanismo observado nos ratos funcionar da mesma maneira nos humanos – o que, para os cientistas, parece ser o caso – nosso metabolismo estaria sendo posto em risco a cada vez que resolvemos trocar o dia pela noite, passando longas horas sem dar o merecido descanso ao corpo. Em resumo, se você tinha alguma dúvida que a união entre beber demais e ficar horas sem dormir não é uma boa ideia para seu fígado, está aí mais um bom lembrete.

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