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Filosofia com todo sentido

Uma obra bonita, bem ilustrada, fácil e gostosa de ler torna acessíveis os grandes pensadores.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 30 set 1999, 22h00

Denis Russo Burgierman

O defeito de muitos livros de introdução à Filosofia é tratar o tema como uma sucessão de nomes gregos e alemães com idéias exóticas desconectadas uma das outras e desvinculadas do contexto da época. Sabemos que Sócrates tinha o irritante hábito de discordar de todos os seus interlocutores. Mas não aprendemos na escola a razão de esse comportamento ter sido tão inovador na Atenas no século V a.C. Muito menos que ele foi provocado pelos pensadores que vieram antes e que influenciou os nascidos depois.

O inglês Bryan Magee, um filósofo brilhante que descobriu que sua vocação é divulgar as idéias dos outros, preenche esse buraco em História da Filosofia. Belamente ilustrado, cheio de historinhas curiosas e fácil de entender, mas nem por isso simplificado demais, o livro mostra como a sucessão dos pensamentos humanos faz sentido. Sócrates chateava os atenienses porque os sábios tinham teorias que explicavam tudo, mas ninguém se preocupava em decidir qual delas era a verdadeira. Foi o método desenvolvido por ele, de questionar com critério até as coisas aparentemente mais óbvias, que acabou culminando na ciência moderna.

Magee mostra o quanto os conhecimentos de cada período, principalmente os científicos, determinam a forma de pensar do homem. Galileu Galilei (1564-1642), ao revelar que a Terra roda ao redor do Sol, e não o contrário, tornou os homens menos crédulos da idéia de que eram o centro do Universo e mais dispostos a questionar a autoridade eclesiástica.

Outro físico que mudou a cabeça da humanidade foi Albert Einstein (1879-1955). Ao contestar as noções consagradas por Isaac Newton (1642-1727) sobre tempo, espaço, velocidade e gravidade, Einstein acabou com a crença em verdades definitivas (como as que Sócrates buscava). De quebra, derrubou também a idéia de que a ciência é infalível. Não é à toa que esses e outros cientistas ganharam de Magee um lugar no panteão dos maiores filósofos da História (veja outros exemplos na entrevista abaixo).

livros@abril.com.br

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Super entrevista

Entrevista Genética derrubou o Muro de Berlim

Hoje com 69 anos, o inglês Bryan Magee recebeu títulos de várias universidades, escreveu livros, fez crítica de música e teatro, apresentou uma série sobre pensadores na TV britânica e até se elegeu parlamentar pelo Partido Trabalhista em 1974. De sua casa em Londres, conversou com a SUPER sobre ciência e filosofia.

SUPER – Como a ciência mudou nosso modo de pensar?

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Bryan Magee – Einstein mudou a concepção de tempo. Foi um cientista que fez algo que era função dos filósofos: transformar nossos conceitos básicos sobre o mundo.

Como a ciência de hoje está mudando a filosofia?

Veja o crescimento da importância da genética. Na maior parte do século XX, acreditávamos que os seres humanos eram produto do ambiente. Com isso, se transformássemos o mundo, transformaríamos também nossos filhos. Agora, está havendo uma maior ênfase no que está escrito nos genes.

As pessoas desistiram de tentar mudar as coisas?

Exatamente. O socialismo, construído no século XIX em cima da idéia evolucionista de que os humanos são esculpidos pela sociedade, perdeu força.

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O senhor está dizendo que a queda do Muro de Berlim, em 1989, está ligada à genética?

Sim. Foi um reconhecimento de que nosso poder de moldar a nós mesmos não é tão grande quanto pensávamos.

Há algum outro acontecimento científico que tenha contribuído para essa mudança filosófica?

A física quântica. O marxismo é uma filosofia materialista. Com a física quântica, torna-se impossível ser materialista. Não dá mais para acreditar que o constituinte fundamental da realidade seja a matéria. Agora sabemos que a própria matéria é redutível a energia e energia é imaterial. Os modos de ver o mundo do século XIX tornaram-se obsoletos.

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A neurologia é outra área que está se aproximando da filosofia, não é?

Sim. O funcionamento da mente é um campo que se desenvolve muito rápido. Os filósofos discutem se é possível reproduzir o cérebro em computador.

Ficha técnica

• História da Filosofia

• Bryan Magee

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• Edições Loyola (11 6914-1922)

• 240 páginas, 45 reais

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