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Fim da obesidade

Biólogos procuram a molécula mágica que permitirá que as pessoas comam à vontade sem engordar

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

“Problema com obesidade: um dia você vai ter o seu” poderia ser um ótimo slogan para as campa-nhas de saúde pública do futuro. Não que isso fosse adiantar muito, claro. Embora muita gente ainda sofra com a falta de comida, o fato é que a oferta excessiva de calorias é um desafio muito mais sério, e vai matar cada vez mais gente ao longo deste século. Recomendar alimentação mais saudável e vida menos sedentária não está resolvendo o problema. O jeito talvez seja intervir nos mecanismos básicos que controlam o armazenamento de energia no corpo.

Vencer a obesidade pelos métodos convencionais é especialmente complicado porque estamos brigando com milhões de anos de evolução. Desde tempos imemoriais até um ou dois séculos atrás, os seres humanos e seus antepassados viviam debaixo da ameaça da escassez. A regra era comer o máximo possível, já que ninguém sabia quando uma refeição farta estaria à disposição novamente. Com a quantidade absurda de gorduras, proteínas e carboidratos nas prateleiras dos supermercados de hoje, o perigo de morrer de fome foi para o espaço, mas nosso organismo não teve tempo de “desaprender” sua mania de armazenar o máximo possível de calorias. Resultado: seja bem-vindo ao planeta dos fofinhos. A necessidade de comer demais está tão encravada no DNA, que, para muitas pessoas, nenhum tipo de informação sobre dietas, exercícios e o perigo do diabetes e das doenças cardíacas é capaz de suprimir o desejo inconsciente por comida gorda.


O melhor dos dois mundos

Para esses comilões incorrigíveis, o jeito é procurar estratégias de emagrecimento que não dependam da força de vontade do paciente. Muitos medicamentos disponíveis no mercado já fazem isso, moderando o apetite da pessoa, mas eles geralmente levam a uma série de efeitos colaterais comportamentais e até psiquiátricos, como ansiedade e irritação. Para contornar isso, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia, estão começando a testar em animais o que, para todos os efeitos, seria uma vacina contra a obesidade. O alvo deles é a grelina, um hormônio estimulador do apetite. A ideia é “grudar” a substância a um pedaço de proteína de bactéria, de forma que o organismo reconheça o conjunto como um corpo estranho e desenvolva anticorpos contra ele, diminuindo a vontade de comer do gordinho em questão. A vantagem é que a vacina provavelmente teria efeito rapidamente reversível.

Mas o que os pesquisadores realmente adora-riam encontrar é alguma substância que permita a ingestão de calorias sem muito controle e, ao mesmo tempo, impeça que o excesso de alimentação se transforme em acúmulo de gordura. Esse tipo de estratégia imitaria, de certa maneira, o organismo de pessoas ou animais com metabolismo rápido, que não têm problema na hora de perder peso.

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Candidatos a essa função não faltam. A equipe de Joseph Besharse, da Universidade de Wisconsin (EUA), está estudando o Nocturnin, um gene ligado tanto à alimentação quanto ao relógio biológico de mamíferos. Camundongos cuja versão do Nocturnin foi desligada continuaram fininhos mesmo após uma dieta altamente calórica. O mesmo acontece com roedores sem o gene MGAT2, que ajuda a assimilar a gordura da dieta, diz Chi-Liang Eric Yen, da Universidade da Califórnia em São Francisco. Resta saber quai serão os efeitos de longo prazo desse tipo de abordagem em seres humanos.

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