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Foca com chapeuzinho mede temperatura da água na Antártida para cientistas

Sensor acoplado ao animal pegou carona por 5 mil km durante três meses – e determinou como o calor se move pelas correntes do oceano profundo.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 9 dez 2019, 17h32 - Publicado em 9 dez 2019, 17h31

Uma elefante-marinho-do-sul (espécie Mirounga leonina) com um chapéu high tech se mostrou um bravo aliado de cientistas da Nasa em seus estudos em um local inóspito do planeta – os oceanos gélidos que circundam a Antártida. Pesquisadores do Caltech, o Instituto de Tecnologia da Califórnia, tiveram a ideia de acoplar um sensor no animal para medir a temperatura da água em diferentes profundidades. Como ele alcança grandes profundidades com mais facilidade que qualquer equipamento humano, acabou coletando dados inéditos.

Em um artigo publicado na última segunda (2) no periódico Nature Geosciences, uma equipe liderada pela oceanógrafa Lia Siegelman descreve a epopéia do elefante-marinho e detalha qual foi sua importante contribuição para entender como os oceanos influenciam o clima da Terra. Eles acoplaram em 2014 um sensor sobre a cabeça de uma fêmea nas Ilhas Kerguelen, que ficam perto da Antártida, entre a África do Sul e a Austrália. Todas as providências foram tomadas para que o dispositivo não causasse qualquer machucado ou incômodo.

Como esses animais mergulham 80 vezes por dia a uma profundidade de até 800 metros nos mares congelantes do sul, são melhores do que os instrumentos científicos tradicionais. Com a água abaixo de zero e muitas vezes sob camadas de gelo, fazer ciência na Antártida é uma tarefa complicada. Mas os elefantes-marinhos tiram de letra. Ela viajou por mais de 5 mil km durante três meses de estudo.

Graças aos 6,3 mil mergulhos realizados pelo animal (e uma forcinha de imagens de satélite), os pesquisadores descobriram que o calor que fica estocado em certas regiões nas profundezas do oceano pode ser trazido à superfície por correntes que penetram até lá embaixo. E, com isso, esquentam a água superficial. Antes, sabia-se que o calor fazia o caminho inverso: de cima para baixo. A descoberta de que também pode subir é relevante.

Principalmente para a ciência climática. É que os oceanos funcionam como uma espécie de “ar condicionado” que regula a temperatura do planeta. Eles absorvem e estocam o calor da atmosfera – mantendo o ar mais ameno. Mas, quanto mais quentes são as águas da superfície, menos energia elas conseguem armazenar. Como os cientistas não sabiam da ocorrência desse fluxo de baixo para cima, talvez tenham que atualizar seus modelos climáticos.

É o que defende a primeira autora do estudo, Lia Siegelman. Ainda não se sabe o que isso significa no longo prazo, já que as mudanças climáticas estão mudando a dinâmica dos oceanos. Serão necessários novos estudos para entender se o fenômeno descoberto pela foca pode agravar ainda mais o problema. Por ora, podemos apenas nos deleitar com a fofura do animal e refletir sobre como os cientistas podem ser criativos em suas pesquisas.

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