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“Genes saltadores” podem ter relação com o envelhecimento

Esses fragmentos, que se movem entre vários pontos do genoma, influenciam o processo de deterioração do corpo. Pelo menos em vermes.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 9 out 2023, 11h36 - Publicado em 5 out 2023, 17h31

Com o avanço crescente da medicina e da tecnologia, o ser humano vive cada vez mais. Só aqui no Brasil, a expectativa de vida aumentou cerca de 40% nos últimos 60 anos. Mesmo assim, os estudos sobre o envelhecimento continuam a todo vapor, e dessa vez, os pesquisadores podem ter encontrado uma relação entre os chamados “genes saltadores” no corpo conforme ele vai envelhecendo. 

O processo de envelhecimento do corpo humano passa por uma combinação de fatores, mas uma etapa primordial está em nossas células. Basicamente, o nosso DNA é o banco de informações que contém todos os ingredientes necessários para a construção de nosso corpo. 

Mas essas informações estão espalhadas por todo o genoma, e é justamente com uma classe de genes móveis que os cientistas parecem ter encontrado uma das respostas sobre o envelhecimento. Ao manipular genes saltadores em uma espécie de verme, os pesquisadores da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, perceberam que o processo de envelhecimento foi levemente alterado.

Mas o que são exatamente esses genes saltadores?

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O genoma nada mais é do que uma gigantesca sequência de nucleotídeos, que ao se combinarem, formam uma sequência específica, passada hereditariamente, os nossos genes. Porém, nem todos os genes ficam exatamente no mesmo lugar. Existe uma classe de genes móveis que saltam para sítios diferentes do genoma.

Esse processo, conhecido como transposição genética, acontece graças a uma enzima chamada transposase, que vai cortar uma parte desse gene, e o alocar em outro lugar no genoma. 

A mudança de local desse gene, chamado também de ET (elemento transponível), é em parte normal, mas de forma excessiva e descontrolada, pode gerar mutações, ocasionando problemas para o organismo.

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Isso porque, muitas vezes, esse fragmento se move para locais com regiões do DNA nas quais já existem genes funcionais. Ou seja, que possuem alguma informação importante para o organismo.

 

 

E foi manipulando justamente esses genes ETs que os cientistas perceberam como eles têm influência no processo de envelhecimento do corpo. Para isso, estudaram os efeitos da manipulação dos genes em vermes da espécie Caenorhabditis elegans. Os pesquisadores utilizaram uma reação molecular de RNA chamada Piwi-piRNA, que limita justamente a locomoção desses genes de um local para o outro. 

Os pesquisadores descobriram então que os vermes que tiveram a atividade dos seus genes saltadores controlada, viveram mais em comparação àqueles que não tiveram essa regulação. Segundo eles, esse pode ser uma dos fatores envolvidos no processo de envelhecimento dos organismos vivos.

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“Em nossos testes de expectativa de vida, simplesmente reduzindo os ETs ou aumentando somaticamente os elementos da via Piwi-piRNA, observamos uma vantagem estatisticamente significativa na expectativa de vida”, disse o geneticista molecular e um dos pesquisadores do estudo, Ádám Sturm.

Os efeitos dessa reação molecular não são novidade. Estudos anteriores já mostraram os efeitos que a Piwi-piRNA tem em outros organismos, como a famosa água viva imortal. A Turritopsis dohrnii é um hidrozoário, e é o único ser vivo no planeta com uma habilidade capaz de rejuvenescer suas células quando essas começam a envelhecer.

Em outras palavras, caso não seja morta por doenças ou por predação, essa espécie, virtualmente, consegue viver para sempre.

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Os pesquisadores já descobriram que parte dessa capacidade está no processo de copiar e reparar seu DNA, e que a Piwi-piRNA também possui um papel no controle dos genes saltadores. 

Apesar de o estudo ter sido realizado em vermes, o campo é promissor. Mesmo que ainda estejamos longe de criar um Highlander (o guerreiro imortal do filme dos anos 80), os estudos sobre os efeitos da passagem do tempo no corpo humano podem ser essenciais para garantir uma velhice com uma melhor qualidade de vida.

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