Greve primata no capitalismo selvagem
Os macacos recolhiam e trocavam por pedaços do legume. O problema surgiu quando começaram a pagar alguns dos primatas com uma uva ¿ alimento mais cobiçado.
Rodrigo Rezende
Pedaços de pepino voando para fora da jaula. Foi no que deu “pagar” macacos-pregos de forma desigual pelo mesmo “trabalho”. Na pesquisa, para ver se primatas têm senso de justiça, cientistas da Universidade Emory (EUA) jogavam fichas dentro da jaula. Os macacos recolhiam e trocavam por pedaços do legume. O problema surgiu quando começaram a pagar alguns dos primatas com uma uva – alimento mais cobiçado.
Além do arremesso de pepino, ocorreram reações como a recusa a “trabalhar” ou a receber “salário” injusto. “Acredito que isso está relacionado com a história evolutiva comum, o que explica o fato de macacos e humanos partilharem o comportamento”, diz a cientista Sarah Brosnan. Para Eduardo Ottoni, especialista em macaco-prego da USP, a experiência não quer dizer que os primatas tenham “senso de justiça” (sense of fairness). “É mais correto falar em ‘senso de preço justo’. Não se pode achar que o bicho tem algum tipo de pensamento moral.” Isso é porque os cientistas ofereceram uvas. Imagine se fossem bananas…