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Guia do submundo egípcio pode ser “livro ilustrado” mais antigo do mundo

Obra tem 4 mil anos de idade e foi encontrada em um complexo de sarcófagos da vila egípcia de Dayr-al-Barshã.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 2 jan 2020, 18h21 - Publicado em 2 jan 2020, 18h19

Para além das obras de engenharia faraônicas e de técnicas modernas de agricultura, a civilização egípcia ficou marcada por sua forma única de tratar os mortos. Sarcófagos, múmias e rituais elaborados serviam para garantir a quem batia as botas uma passagem digna. Mas não parava por aí: os antigos egípcios se preocupavam também com o caminho que a alma do falecido faria após a morte.

Essa trajetória está descrita em detalhes no Livro dos Dois Caminhos (do inglês Book of Two Ways). Trata-se de uma espécie de manual de instruções para que espíritos deixassem o corpo sem vida e chegassem com sucesso a Rostau, o reino de Osíris, deus da morte. Como o nome adianta, havia duas vias principais – por terra e pelo mar. Mas nenhuma delas era lá muito tranquila. Para dar um final feliz à sua jornada e conquistar a vida eterna em um julgamento comandado pelo próprio Osíris, almas tinham de enfrentar demônios e atravessar anéis de fogo do submundo.

De acordo com arqueólogos, décadas de escavações só revelaram 25 cópias desse guia mortuário. Em março de 2012, veio à tona o exemplar mais importante da lista. A tal cópia, encontrada em um complexo de sarcófagos na vila egípcia de Dayr-al-Barshã, data do reinado do Faraó Mentuotep II. Isso quer dizer que ela tem ao menos 4 mil anos – o que a elege como o “livro ilustrado” mais antigo que se tem notícia, superando a marca anterior em pelo menos 40 anos.

Um artigo científico que descreve o achado foi publicado na revista The Journal of Egyptian Archaeology em setembro de 2019. Quem assina o estudo é Harco Willems, egiptólogo da Universidade de Leuven, na Bélgica, que liderou as escavações de 2012.

Vale, aqui, um adendo: o conceito de “livro” usado pelos pesquisadores é diferente daquele que conhecemos hoje – que se popularizou na Europa a partir do século 15, com a prensa de Gutenberg. No Egito Antigo, manuais funerários do tipo eram entalhados e pintados na madeira dos sarcófagos. 

A descoberta mais recente estava na porta da tumba que guarda os restos mortais de Ankh, uma mulher egípcia de classe abastada. Boa parte do conteúdo da tumba acabou sendo saqueado ou deteriorado pela ação de microrganismos. Na tampa de cedro do caixão, por exemplo, havia figuras gravadas com tinta e hieróglifos feitos à faca – e coloridos, depois, nas cores preta ou vermelha. O que restou do manual de instruções foram os fragmentos que você vê abaixo.

Apesar de pertencer a alguém do gênero feminino, o sarcófago em questão trazia uma peculiaridade: a versão do Livro dos Dois Caminhos cravada nele estava escrita como se aconselhasse o espírito de um homem. De acordo com os pesquisadores, a hipótese mais provável é que a versão original do texto tivesse Osíris como protagonista – o que fez com que a cópia mantivesse os pronomes de tratamento masculinos. Se esse problema de transcrição dificultou ainda mais a tarefa a ser cumprida pela alma de Ankh em sua trajetória pós-morte, isso já é outra história.

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