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Happy hour? Chimpanzés são filmados se reunindo para comer fruta alcoólica

O flagra aconteceu em um parque na Guiné-Bissau, onde grupos de animais dividiram frutas-pão fermentadas pelo menos dez vezes

Por Bela Lobato
26 abr 2025, 18h00

Os humanos não são os únicos animais que curtem uma birita de vez em quando. Pela primeira vez, chimpanzés selvagens foram fotografados comendo e compartilhando frutas fermentadas que contêm álcool.

A descoberta, descrita em um estudo publicado na última segunda (21) na revista Current Biology, foi feita a partir das imagens obtidas por câmeras escondidas no Parque Nacional Cantanhez, na Guiné-Bissau. As câmeras flagraram um grupo de chimpanzés compartilhando uma fruta fermentada chamada Treculia africana, que também é conhecida como fruta-pão-africana.

Essa é uma fruta grande, que pode pesar até 30 quilos. Depois que ela cai no chão, já madura, seu exterior amolece e os animais passam dias se alimentando dela. 

Os pesquisadores confirmaram que a fruta continha álcool, mesmo que em doses bem baixas. Quanto mais tempo ela passa no chão, mais intensa é a fermentação e maior o teor alcoólico. O maior teor registrado foi de 0,61% – cerca de 8 vezes menos que uma cerveja média, cujo teor costuma girar em torno de 5%. 

Mesmo que pareça pouco, é preciso considerar o volume consumido. Entre 60 a 85% da dieta dos chimpanzés é composta de frutas. E é claro, em grandes quantidades, essa porcentagem de álcool já pode produzir consequências relevantes. 

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“Para os seres humanos, sabemos que o consumo de álcool leva à liberação de dopamina e endorfinas, o que resulta em sentimentos de felicidade e relaxamento”, disse Anna Bowland, principal autora do estudo, em comunicado. “Também sabemos que o compartilhamento de álcool – inclusive por meio de tradições como festas – ajuda a formar e fortalecer os laços sociais.

Inclusive, o benefício social pode ter sido o motivador que fez com que várias culturas ao redor do mundo desenvolvessem o consumo de bebidas alcoólicas de forma independente. 

“Portanto, agora que sabemos que os chimpanzés selvagens estão comendo e compartilhando frutas etanólicas, a pergunta é: será que eles estão obtendo benefícios semelhantes?”, pergunta Bowland.

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Os pesquisadores enfatizam que é improvável que os chimpanzés fiquem “bêbados”, pois isso não aumentaria suas chances de sobrevivência. Mas, entre os primatas do Parque Nacional Cantanhez, o consumo não foi um fato isolado. As câmeras captaram o consumo de frutas fermentadas em dez ocasiões diferentes. O compartilhamento do alimento entre colegas já chama atenção dos pesquisadores.

“Os chimpanzés não compartilham alimentos o tempo todo, portanto, esse comportamento com frutas fermentadas pode ser importante”, disse Kimberley Hockings, que também participou do estudo.

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O impacto do álcool no metabolismo dos chimpanzés é desconhecido. Mas, em 2014, cientistas descobriram uma adaptação molecular que aumentou consideravelmente o metabolismo do etanol no ancestral comum dos macacos africanos. 

“Essa mudança ocorreu aproximadamente quando nossos ancestrais adotaram um estilo de vida terrestre e pode ter sido vantajosa para os primatas que viviam em locais onde a probabilidade de frutas altamente fermentadas era maior”, escreveram os autores do estudo de 2014.

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