Homero , e o poeta tinha razão
A datação bate direitinho com a época descrita por Homero. E os pedaços encontrados são todos das partes traseiras dos touros, aquelas que eram oferecidas aos deuses. Parece que o poeta tinha razão.
Leandro Sarmatz
Homero era um poeta, não um historiador. O bardo grego, que teria vivido no século VIII a.C., é tido como o pai da literatura ocidental graças às suas duas obras-primas – a Ilíada e a Odisséia –, que contam a história da Guerra de Tróia, ocorrida cinco séculos antes. Mas historiadores e arqueólogos têm arrepios quando as pessoas tentam levar suas histórias ao pé da letra. Aquilo é ficção, não é história. Um dos principais argumentos dos arqueólogos é a freqüente referência a sacrifícios de animais nas duas obras famosas. A cada batalha, a cada fuga bem-sucedida, os heróis dos livros matavam touros negros, comiam sua parte da frente e ofereciam aos deuses as pernas de trás, jogando-as numa fogueira. Ora, sacrifícios não existiam na Grécia antes do século VIII a.C., quando a prática foi trazida do Oriente Médio. Obviamente é um erro histórico de Homero.
Será? A arqueóloga Sharon Stocker, da Universidade de Cincinnati, Estados Unidos, encontrou potes de barro em cacos misturados a pedaços carbonizados de touros. A datação bate direitinho com a época descrita por Homero. E os pedaços encontrados são todos das partes traseiras dos touros, aquelas que eram oferecidas aos deuses. Parece que o poeta tinha razão.