Horta sob bombardeio radioativo
Cientistas franceses estudam o que acontece no solo e nas plantas depois de um acidente nuclear.
Uma estufa hermeticamente isolada do mundo exterior, na região de Cadarache, sul da França, abriga um jardim estranhíssimo, que não é adubado com fertilizantes, como seria de se esperar, mas com altas doses de elementos radioativos. A horta, do projeto RESSAC (abreviatura de Reabilitação de Solos e Superfícies, em inglês), é na verdade uma mini-Chernobyl, depois do desastre de 1986. Ali, os cientistas simulam as condições de uma plantação que sofre as conseqüências de um vazamento nuclear. Eles estudam os efeitos sobre o crescimento dos vegetais e a qualidade da terra. Quinze toneladas de solo foram importadas das vizinhanças de sete usinas nucleares na Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Espanha e França. Computadores controlam o clima e a umidade em três áreas isoladas, que imitam o ambiente das regiões continentais, oceânicas e mediterrâneas da Europa. A experiência começou nos anos 80. Mas, como no caso de um desastre verdadeiro, os cientistas têm de manipular o jardim ainda mais algumas décadas, até constatar todos os efeitos da radioatividade.