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Iguanas fazem amor sem fazer guerra

Características desse animal só encontrado nas pedras vulcânicas negras das costas das ilhas Galápagos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h40 - Publicado em 31 mar 1992, 22h00

Carol R. Townsend

Na época do namoro, os machos brigam por sua fêmea e seu território. Mas gostam mesmo é de ficar indolentemente ao sol, sem fazer nada.

Os iguanas-marinhos de Galápagos pertencem a uma categoria de animais de escassos representantes: os lagartos-de-alto-mar, capazes de vencer grandes distâncias oceano adentro. Apesar dessa característica privilegiada, eles jamais se aventuram para longe das pedras vulcânicas negras das costas das ilhas Galápagos, onde vivem pacatamente aquecendo-se ao sol forte. Frequentemente, dois ou três lagartos empilham-se uns sobre os outros, sob o quente sol equatorial, para elevar a temperatura do corpo antes de entrar na água fria, em busca de alimento. Durante essa aventura, a temperatura do seu corpo pode cair até 7 graus negativos.

Eles se alimentam das algas que crescem em abundância entre as rochas e os recifes rasos. Excelentes nadadores, os lagartos usam a longa e musculosa cauda para impulsão na água e podem descer até 1 000 metros de profundidade, em busca de uma boa refeição.
Quando começa a época do acasalamento, os machos adultos ficam inquietos e excitados: abandonam a vida em grupo e cada um trata de delimitar seu próprio território. A vida fica difícil para eles, pois é preciso simultaneamente fazer a corte às fêmeas que passam por ali e impedir que o território seja invadido pelos rivais. Os melhores territórios são aqueles que ficam acima da zona chamada entremarés, perto das áreas arenosas, onde as fêmeas vão cavar os ninhos, para colocar dois ou três ovos. É claro que esses lugares adequados para um bom ninho são poucos – por isso, é preciso lutar duramente por eles. Mas raramente acontecem mortes ou ferimentos graves entre os iguanas.

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Quando dois machos lutam para garantir a posse de um bom território, eles se exibem em muitas posições. O atacante investe contra o adversário, erguendo-se Nas patas, com a crista ereta e o corpo inflado. Os iguanas flexionam a cabeça para baixo, rapidamente, como se estremecessem, e escancaram a boca, exibindo a ponta vermelha e carnuda da língua. Se nenhum se intimidar com essas caretas, eles se encaram iradamente, continuam acenando com a cabeça, e só então partem para um ataque real, com a cabeça abaixada.

Agarrados ao terreno irregular graças a suas grandes unhas afiadas, os lagartos se empurram com as escamas, semelhantes a pregos, que adornam sua cabeça. O jogo de empurrões é frequentemente interrompido por outras exibições e pode demorar várias horas. Ocasionalmente, um iguana mais agressivo pode morder seu oponente no queixo, nas pernas ou na crista, e sacudi-lo violentamente. A maioria dos duelos, de qualquer forma, termina sem ferimentos sérios: um deles desistirá da disputa e irá embora, ou então assumirá uma postura submissa, deitando-se sobre a barriga.

Mistério solucionado

As cruzes em vermelho mostram onde estavam as ilhas submersas, com idade geológica de 9 milhões de anos. As atuais ilhas Galápagos têm apenas entre 2 e 3 milhões de anos

Para os biólogos, as ilhas Galápagos são um lugar muito especial: foi ali que Charles Darwin recolheu a maior parte das evidências que permitiram formular a Teoria da Evolução das Espécies pela seleção Natural. Mas as ilhas guardaram um mistério evolucionário que só agora começa a ser desvendado: geologicamente, elas são muito jovens para permitir que a evolução, operando de sua forma habitual, pudesse chegar às formas de vida exclusivas que as habitam. Um grupo de oceanógrafos e geológicos acama de descobrir evidências de que as plantas e animais que colonizaram as Galápagos viveram originalmente em ilhas mais antigas, mais próximas do continente, que acabaram submersas pela água. Quando isso começou a acontecer, aquelas espécies tiveram de mudar-se para as ilhas mais novas, que surgiam.

Essa descoberta confirma uma hipótese, muito controvertida, formulada em 1983 pelos biólogos moleculares Vincent Sarich e Jeffrey Wiles, da Universidade da Califórnia: eles previram exatamente a descoberta dessas ilhas submersas porque as grandes transformações sofridas pelas espécies que habitam as Galápagos só poderiam ter acontecido se seus ancestrais tivessem vindo de outros locais, mais antigos. O trabalho resultou de uma pesquisa feita por David Christie, da Universidade Estadual do Oregon, ajudado por colegas das universidades do Oregon, da Califórnia, Cornell e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, durante uma viagem ao local que durou 26 dias. As ilhas submersas estão a cerca de 600 quilômetros da costa oeste do Equador, no Oceano Pacífico. Bem mais próximas do continente do que as atuais Ilhas Galápagos, que estão a cerca de 900 quilômetros.

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