Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Introdução de bactéria no Aedes reduz em 77% transmissão de dengue na Indonésia

Nessa abordagem experimental, que já foi testada no Brasil, um microorganismo retarda a multiplicação do vírus no mosquito. Os resultados obtidos no sudeste asiático são o maior sucesso até hoje.

Por Luisa Costa
Atualizado em 3 ago 2022, 10h05 - Publicado em 11 jun 2021, 21h20

Cientistas que estudam uma abordagem promissora contra a propagação do vírus da dengue acabam de obter resultados animadores. No teste mais completo realizado até agora, a transmissão da doença foi reduzida em 77% em uma cidade da Indonésia após a introdução de mosquitos infectados com uma bactéria do gênero Wolbachia.

A dengue chega a nós a bordo de fêmeas do mosquito Aedes aegypti e infecta de 100 a 400 milhões de pessoas a cada ano, principalmente em regiões tropicais e subtropicais do planeta (como o Brasil). A doença não tem um tratamento específico, e a vacina é recomendada apenas para quem já foi infectado antes.

Uma iniciativa que tenta combater o problema é o projeto australiano World Mosquito Program (WMP). Eles desenvolveram uma abordagem experimental para combater a propagação da dengue, que consiste na introdução da bactéria Wolbachia em mosquitos Aedes aegypti

A bactéria retarda a reprodução do vírus da dengue no organismo do mosquito. Melhor ainda é que ela é passada de geração em geração: uma vez introduzida na população, todos os Aedes nascerão com ela. Assim, é menos provável que o inseto se transforme em um vetor da doença e a transmita para nós. 

Os cientistas infectam os mosquitos e os liberam em locais de teste. Eles já realizaram esse experimento em vários lugares – como aqui no Brasil e em Queensland, na Austrália (onde a dengue foi basicamente erradicada). Mas o sucesso na Indonésia foi inédito. 

Continua após a publicidade

“Este resultado demonstra como a Wolbachia pode ser uma descoberta empolgante – uma nova classe de produto segura, durável e eficaz para o controle da dengue é exatamente o que a comunidade global precisa”, disse o pesquisador Cameron Simmons, diretor do Centro da Oceania no WMP.

A cidade de Yogyakarta, de 26 km2, foi dividida em 24 regiões pelos pesquisadores. Entre março e dezembro de 2017, eles introduziram mosquitos infectados com a Wolbachia em 12 desses grupos – chamados de grupos de intervenção. Os outros 12 grupos não receberam os Aedes aegypti infectados e se tornaram grupos de controle – que servem para fins de comparação com os grupos de intervenção.

A Indonésia registra cerca de 8 milhões de casos de dengue por ano – por lá, a doença é endêmica. Em todos os grupos de estudo, as medidas locais de controle de mosquitos não foram interrompidas durante a pesquisa.

Ao longo de 27 meses após a liberação dos mosquitos infectados, os pesquisadores recrutaram pessoas com idades entre 3 e 45 anos que apareceram com sintomas suspeitos nas unidades básicas de saúde da cidade. Então, eles testavam essas pessoas para identificar se estavam ou não com a doença. Foram 8.144 pessoas testadas no total. 

Os resultados mostraram que apenas 67 pessoas nos grupos de intervenção foram diagnosticadas com dengue – 2,3% da população desses locais. Já nos grupos de controle, 318 casos da doença foram identificados – o que representa 9,4% da população.

No geral, a introdução dos Aedes aegypti infectados com a Wolbachia reduziu a propagação da dengue em 77,1% e não apresentou resultados muito diferentes entre os quatro subtipos de dengue existentes.

Os pesquisadores também notaram que, entre os grupos de intervenção, 86% menos pessoas acabaram no hospital por complicações da doença. Foram registradas 13 hospitalizações nessas áreas, enquanto os grupos de controle tiveram um total de 102.

Continua após a publicidade

“Este é um grande sucesso para o povo de Yogyakarta”, afirma Adi Utarini, pesquisadora do WMP. “O sucesso do teste nos permite expandir nosso trabalho por toda a cidade de Yogyakarta e pelas áreas urbanas vizinhas. Acreditamos que há um futuro possível em que os residentes das cidades indonésias possam viver livres da dengue.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

A ciência está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por SUPER.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.