Com certeza, o isopor parece ser genial quando serve para aquecer seu café naquele copo barato. E você não pode deixar de apreciar aquelas bolinhas das embalagens que mantêm seus objetos frágeis protegidos quando são transportados.
Mas esse material leve e durável, também chamado de espuma de poliestireno ou poliestireno expandido, tem um custo ambiental elevado.
A espuma de poliestireno não se desintegra fácil em aterros.
Os norte-americanos jogam fora pelo menos 2,5 bilhões de copos de isopor por ano, por isso muito lixo ainda vai circular por milênios, contaminando sistemas de água e prejudicando animais.
Agora, a boa notícia: cientistas da Universidade Beihang, em Pequim, e da Universidade Stanford, na Califórnia, descobriram pistas escondidas nas vísceras das larvas do besouro tenébrio, também conhecidas como bicho-da-farinha, para reduzir o problema da espuma de plástico.
“Existe a possibilidade de que uma pesquisa realmente importante esteja surgindo de lugares bizarros”, disse em um comunicado Craig Criddle, professor de engenharia civil e ambiental que supervisionou os pesquisadores em Stanford.
“Às vezes, a ciência nos surpreende. É um choque.”
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Os pesquisadores descobriram que poderosas bactérias vivem nas vísceras do bicho-da-farinha e permitem que se alimentem de espuma de poliestireno – conhecida comercialmente como isopor -, desintegrando o plástico em lixo orgânico.
Estudos adicionais sobre essas bactérias poderiam ajudar os cientistas a desenvolver enzimas sintéticas capazes de desintegrar espuma de poliestireno.
A pesquisa foi publicada em 21 de setembro na revista Environmental Science and Technology.
“A descoberta da desintegração do plástico pelo bicho-da-farinha é revolucionária, porque o isopor tem sido considerado não biodegradável”, disse o pesquisador Wei-Min Wu por e-mail.
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“Entender o mecanismo da desintegração do plástico pelo bicho-da-farinha nos levará a novas abordagens para resolver o problema da poluição por plástico”, disse Wu, engenheiro e pesquisador sênior de Stanford que participou do estudo.
Na pesquisa, cem larvas foram alimentadas com 34 a 39 miligramas de isopor durante um mês todos os dias desde o nascimento.
Em 24 horas depois de comer, os bichinhos rastejantes converteram cerca da metade da espuma de plástico em dióxido de carbono e excretaram o restante como resíduo que, aparentemente, poderia ser utilizado sem riscos como adubo em colheitas.
Não se preocupe com os carunchos. Segundo Wu, as criaturas comedoras de plástico permaneceram saudáveis como qualquer outro grupo de larvas controlado que tivesse recebido uma dieta normal.
A existência dessas bactérias já era conhecida – graças à estudante de ensino médio de Taiwan Tseng I-ching, que as descobriu em 2009 -, mas o que elas poderiam fazer dentro das larvas ainda não era sabido, segundo uma reportagem do jornal on-line The Christian Science Monitor.
Os cientistas ficaram muito animados com a nova pesquisa. Como disse Wu à CNN: “Essa é uma das maiores descobertas em ciência ambiental nos últimos dez anos”.
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