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Líquens se deram bem com a morte dos dinossauros

Pesquisa foi fundo no DNA dos organismos simbióticos e descobriu que eles prosperaram após a fatídica extinção em massa que resetou a vida na Terra

Por André Jorge de Oliveira
Atualizado em 1 jul 2019, 19h17 - Publicado em 1 jul 2019, 19h17

Não foram só os dinossauros que sucumbiram quando um asteroide quilométrico acertou nosso planeta, 66 milhões de anos atrás. Cinza e poeira se espalharam pela atmosfera, bloquearam a luz solar e resfriaram a superfície. Plantas, que precisam de luz para comer, morreram aos montes. Insetos, alguns dos primeiros pássaros e outras formas de vida também sofreram. Cientistas acabam de descobrir como os líquens reagiram ao apocalipse.

E, para surpresa geral, viram que eles se deram muito bem, obrigado. “Nós originalmente esperávamos que os líquens tivessem sido afetados de um jeito negativo, já que contêm coisas verdes que precisam de luz”, disse em comunicado Jen-Pang Huang, pesquisador à frente do novo estudo publicado no periódico Scientific Reports. Mas nem só de planta um líquen é feito: ele é meio alga (ou cianobactéria), e meio fungo.

Líquens são um dos melhores exemplos na natureza de como uma parceria pode ser muito benéfica às partes envolvidas. São organismos compostos que vivem em simbiose. Tanto a alga quanto a cianobactérica, que fazem fotossíntese, produzem para si carboidratos que também alimentam o fungo; este, por sua vez, funciona como uma estufa que mantém a umidade e oferece proteção. Juntos, ambos são mais fortes.

Trevor Howard, liquenólogo e naturalista canadense, usa um conceito intrigante para definir esse grupo tão incrível de seres vivos. “Líquens são fungos que descobriram a agricultura”. Uma das descobertas mais interessantes do estudo foi que, conforme os vegetais eram dizimados mundo afora pela mesma escuridão que vitimou os dinossauros, muitos líquens aproveitaram a chance para ganhar protagonismo. Eles se diversificaram rapidamente.

“Alguns líquens cresceram estruturas 3D sofisticadas como folhas de plantas e ocuparam os nichos das plantas que morreram”, diz Huang, do Centro de Pesquisa em Biodiversidade da Academia Sinica, em Taiwan. É importante lembrar que a principal função dos fungos é decompor a matéria orgânica de organismos que morreram para que seus nutrientes retornem à natureza. E, há 66 milhões de anos, o mundo virou um cemitério a céu aberto.

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No caso dos líquens, restava saber qual lado falava mais alto: o lado planta, negativamente afetado pelo asteroide, ou o lado fungo, influenciado positivamente. Como não há muitos fósseis dos seres simbióticos que viveram naquela época, os pesquisadores recorreram ao DNA. Sequências genéticas de três famílias de líquens foram comparadas por um software que montou uma árvore genealógica e estimou quando surgiram os ramos atuais.

Os resultados apontam um boom de líquens 66 milhões de anos atrás. Mais que um estudo esclarecedor sobre o passado desses organismos, a pesquisa ressalta como essa extinção em massa moldou o nosso mundo. “Boa parte do que vemos hoje na natureza originou-se depois dos dinossauros”, afirma um dos autores, Thorsten Lumbsch. A vida renasce, sim, após um eventos catastrófico desses — mas muda de rumo para sempre.

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