Lulas viram gays no escuro
Transar com parceiros do mesmo sexo pode ser uma estratégia eficaz para a perpetuação da espécie. Veja como
Alexandre Versignassi
Quando as luzes se apagam, as lulas não querem mais saber quem é macho e quem é fêmea – saem pegando geral. A descoberta é do biólogo marinho Hendrik Hoving, do Instituto de Pesquisas do Monterey Bay Aquarium. Ele passou 20 anos pesquisando uma espécie de lula que vive em águas profundas do Pacífico, a Octopoteuthis deletron. A maior parte do trabalho foi analisar vídeos feitos por submarinos, já que esses animais vivem entre 400 e 800 metros de profundidade. Nisso Hoving encontrou algo inesperado. As lulas fêmeas têm um reservatório no corpo que serve para armazenar o esperma que recebem dos machos até que elas produzam seus óvulos. É um sistema engenhoso: garante que cada encontro sexual tenha chances reais de gerar uma prole – como encontros sexuais são raros no ambiente escuro e pouco povoado dos 800 metros de profundidade, a coisa é uma mão na roda para a reprodução. O esperma do reservatório interno fica visível no cefalotórax da molusca na forma de manchas brancas (dá para ver na imagem aqui em cima, perto dos olhos do bicho). Hoving, porém, viu que boa parte dos machos também tinha essas manchas.
Conclusão óbvia: eles foram inseminados por outros machos. Conclusão menos óbvia: essa é mais uma estratégia de perpetuação da espécie no ambiente sem luz das regiões abissais. Como não dá para saber quem é macho e quem é fêmea lá no escuro, o negócio é inseminar todo mundo que aparecer pela frente. E tentar a sorte.