Amizade não é privilégio de seres humanos. Uma das fortes características do macaco-prego, espécie natural da América do Sul, são os fortes laços que se desenvolvem na juventude e se fortalecem na idade adulta. A bióloga Patrícia Izar, do Instituto de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo, observou isso estudando 47 animais, durante três anos, em sistema de semicativeiro. A amizade é mais forte entre os machos e entre um macho e uma fêmea. Fêmeas com fêmeas já não se dão lá muito bem. O contato entre os sexos opostos não depende do período reprodutivo e é mais marcante quando uma fêmea é hostilizada por um outro membro do grupo e começa a gritar. O macho amigo vem de onde estiver, ameaça o agressor e depois consola a fêmea com carinhos. As fêmeas só criam laços mais fortes entre si quando uma tem filhote e as mais jovens oferecem ajuda para aprender a cuidar do bebê.
Além da ligação afetiva, a pesquisa mostrou também uma organização espacial bem determinada. Existe uma hierarquia onde o macho e a fêmea dominantes ficam sempre no centro do grupo, o que lhes garante o privilégio de maior proteção e melhor alimentação. Os subordinados ficam na periferia guardando os mais jovens, que circulam livremente. “Esse comportamento aumenta a proteção de filhotes contra os predadores”, diz Patrícia.