Uma boa hora para se vingar de um inimigo será quando ele estiverem pleno orgasmo – ao menos, a sugestão vale para os macacos. Cientistas alemães notaram que uma estratégia de ataque bastante comum nas espécies mais agressivas de primatas é aguardar o momento do sexo. O agressor, no caso, fica rondando o casal apaixonado como quem não quer nada brinca com terra ou procura sementes em galhos, enfim, disfarça enquanto observa o namoro com o canto dos olhos. Ele, na verdade, está pronto para avançar no pescoço do macho, vítima, quando este estiver no instante indefeso da ejaculação. Essa cena se repetiu cerca de seiscentas vezes, no trimestre em que um grupo de zoólogos da Universidade de Utrecht, na Alemanha, passou investigando o comportamento de setenta macacos de nove espécies.
Os pesquisadores queriam descobrir se a razão desse tipo de ataque seria a disputa da fêmea – motivo que costuma justificar boa parte das brigas entre a macacada. Mas, para espanto geral, na maioria das vezes o agressor deixava a cena do crime sem dar a menor bola para a parceira sexual a ver navios, abandonada ao lado da vítima ensangüentada. Diante disso, os cientistas suspeitam que a função do ataque em um momento tão delicado poderia ser o controle da natalidade: em algumas populações de primatas, os adultos se beneficiariam com a redução do número de pais à procura de comida para os filhos.