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Mais de 90% dos objetos em órbita são lixo espacial

Com cada vez mais países e empresas lançando satélites, a questão começa exigir cuidados específicos. Veja quais.

Por A.J. Oliveira
Atualizado em 8 mar 2019, 19h40 - Publicado em 8 mar 2019, 19h07

Poucas pessoas estão cientes deste fato, mas aos poucos a órbita baixa da Terra está virando um grande lixão. E a situação piora a cada ano, com um número cada vez maior de satélites sendo lançado. Hoje em dia, não só agências espaciais ou militares têm os recursos necessários para construir um satélite e lançá-lo ao espaço: por coisa de 10 mil dólares, cientistas, empresas e até escolas podem fazer um. Dos 20 mil objetos artificiais rastreados na órbita terrestre, apenas 1,5 mil são satélites em operação.

Dos 20 mil objetos artificiais rastreados na órbita terrestre, apenas 1,5 mil são satélites em operação.

O resto é composto por pedaços de antigos foguetes e espaçonaves perdidos no espaço. Mas essa é só a ponta do iceberg. Especialistas acreditam que, para cada objeto já catalogado, o número de fragmentos dispersos seja de 10 a 20 vezes maior. Com tanto lixo espacial descontrolado em órbita, criar um sistema de controle semelhante ao da aviação civil para monitorar os movimentos dos satélites e riscos de colisão é um desafio imenso.

Ao contrário dos aviões, satélites não são obrigados a transmitir sua identificação, velocidade, direção ou altitude. Dados mais confiáveis de rastreamento são mantidos em sigilo por razões governamentais ou empresariais. Mas, com o risco de que colisões em órbita criem um efeito cascata e inviabilizem completamente novos lançamentos, a comunidade internacional começa a se mobilizar em torno da necessidade de estabelecer diretrizes globais de gerenciamento do tráfego espacial. Até agora, o assunto já foi bastante debatido, mas decisões oficiais ainda não foram tomadas. 

Os EUA têm buscado liderar os esforços para desenvolver políticas e formas mais eficientes de monitorar os satélites. Um sistema para controlar esse tráfego não seria sobre alterar rotas para lá ou para cá, mas sim como um serviço de monitoramento do clima. Operadores poderiam compartilhar informações em tempo real, além de receber relatórios sobre o status da espaçonave e alertas de colisões. Em um artigo publicado na revista Nature, o especialista em política espacial Jamie Morin apontou quatro passos iniciais para chegar lá.

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O primeiro é melhorar o rastreamento. É extremamente difícil rastrear lixo espacial, por serem muito pequenos e se mover muito rápido e de forma imprevisível. Colocar sensores dentro dos satélites poderia garantir que dados precisos sobre sua localização continuassem sendo transmitidos mesmo depois que parasse de funcionar. Um monitoramento de solo mais amplo também ajudaria. Além disso, também será preciso focar na previsão e identificação dos detritos. Para prever colisões, as órbitas terão de ser determinadas com extrema precisão.

Outro fator essencial é que os donos de cada pedaço de lixo espacial, ativos ou inúteis, sejam identificados. E descobrir a nacionalidade dos objetos em órbita é muito mais difícil hoje do que era antigamente, quando eles se resumiam aos EUA e à União Soviética. Todos os dados obtidos por esse sistema têm de ser compartilhados em tempo real, para que controladores de diversos países tenham acesso. Protocolos para o compartilhamento de dados e normas sobre as operações em órbita precisam ser desenvolvidas internacionalmente.

Daí, podem surgir até conflitos e entraves geopolíticos, já que informações sobre satélites costumam ser sigilosas. Por último, mas não menos importante, medidas para reduzir o lixo espacial são de extrema importância. Cada objeto lançado deve ter uma “vida após a morte” em órbita de no máximo 25 anos. Depois desse período em inatividade, um comitê da área recomenda que ele seja retirado do espaço, para reduzir o risco de colisões. Pela sua gravidade, o problema será discutido com muito mais frequência daqui para a frente — entrando na agenda das agências espaciais e dos governos.

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