Matéria escura entre galáxias pode ter ganhado sua primeira foto
Cientistas capturaram milhares de imagens de galáxias para conseguir identificar a presença de teias de matéria escura entre elas.
Cientistas da Universidade de Waterloo, no Canadá, publicaram o que parece ser a primeira imagem de uma teia de matéria escura da história.
A matéria escura é responsável por mais de 80% de toda a massa da matéria que compõe o universo. Mas ela é invisível: não emite ou reage à luz (não absorve, nem reflete). A única coisa que interfere nela é a gravidade.
Essa matéria difícil de examinar serviria como uma espécie de conexão entre diferentes galáxias no universo, que se daria em formato de teia. Esses filamentos seriam responsáveis por manter a estrutura das galáxias relativamente unidas.
Os pesquisadores canadenses usaram um método baseado na gravidade para detectar as teias. Um objeto astronômico que tenha muita massa (seja ele uma estrela ou uma galáxia inteira) tem tanta gravidade que ela interfere até na direção da luz. Esse fenômeno é chamado de lente gravitacional e distorce a imagem que capturamos de outros objetos que estejam próximos. A distorção ocorre mesmo quando o objeto cheio de massa é invisível – valendo tanto para buracos negros quanto para matéria escura.
Só que essa alteração é muito mais fácil de perceber quando é extrema. Na maioria das vezes, porém, o efeito sobre a luz é bem mais sutil. Foi por isso que o método escolhido em Waterloo se baseou na lente gravitacional fraca, que detecta, usando múltiplas observações, mudanças bem mais discretas no efeito da gravidade sobre a luz.
O truque dos cientistas foi registrar imagens de mais de 23 mil pares de galáxias, em diferentes momentos, por diversos anos. Com tantos dados, eles conseguiram contabilizar as distorções que não tinham fonte aparente e medi-las. O resultado foi uma imagem composta, com milhares de camadas, que representa graficamente as teias invisíveis da matéria escura.
“Por décadas, pesquisadores previram a existência de filamentos de matéria escura entre galáxias que funcionariam como estruturas de teias conectando essas galáxias”, disse Mike Hudson, professor de astronomia na Universidade de Waterloo e um dos autores do estudo. “Isso nos leva além das previsões para algo que podemos ver e medir.” O trabalho foi publicado no periódico científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Com informações de Exame.com.