Artur Beltrame Ribeiro
Muita coisa atemoriza as pessoas nas sociedades modernas. Só para ficar na área da saúde, duas grandes ameaças povoam as mentes: o infarto do miocárdio e a AIDS. Quem já não tomou conhecimento das terríveis conseqüências do infarto cardíaco? E a AIDS, então? Quantos já não sentiram o temor de sua presença ao aparecerem sintomas inesperados? Ter medo e ansiedade diante de coisas assim, dentro de certos limites, é normal. Trata-se de uma resposta do organismo diante de uma ameaça objetiva à própria existência. Sabemos o que nos ameaça e reagimos.
Medo e ansiedade são, portanto sentimentos comuns, normais, que servem para nos proteger. Ambos são muito parecidos, primos mesmo. O medo geralmente se refere a um objeto ou a uma situação muito definida. Temos medo do perigo imediato. Já a ansiedade se caracteriza por uma sensação desagradável de tensão e apreensão. Fazendo antecipar um perigo futuro, que pode ou não acontecer. No entanto, ambos são sentimentos úteis. O medo protege do perigo e salvaguarda nossa integridade física. Já a ansiedade, enquanto resposta emocional a uma situação, também pode nos estimular na realização de uma tarefa, tornando-nos atentos, melhores.
Quando, porém, a ansiedade vem sem causa aparente ou em intensidade exagerada torna-se prejudicial, Aí é hora de buscar socorro médico. Primeiro, porque os sintomas são desagradáveis. Em seguida, porque nossa capacidade intelectual é atingida. Realmente, a ansiedade diminui a capacidade de pensar com clareza, de julgar apropriadamente, de aprender com eficiência ou de recordar coisas com precisão. Finalmente, ela altera uma série de funções vegetativas do organismo (que ocorrem de modo independente suores da vontade). Passamos a apresentar suores internos, tremores, tonturas, batedeiras, sudoreses, aumento no número de micções, dificuldade para dormir e uma terrível e persistente sensação de cansaço.
Mas, afinal, por que temos ansiedade em excesso? Provavelmente, esse sentimento é uma manifestação de conflitos não resolvidos. Ou porque conhecemos o problema e não temos segurança ou clareza para resolvê-lo ou porque trazemos, inconscientemente, problemas não resolvidos de infância em relação a emoções como hostilidade, insegurança etc. Assim, a auto-ansiedade se alimenta, porque à medida que a sentimos em função de um sintoma tornamo-nos mais ansiosos. Tradicionalmente, combate-se a ansiedade afastando a pessoa da situação de conflito e dando-lhe – por meio de psicoterapia – munição para lidar com seus conflitos.
Recentemente reconheceu-se um tipo de situação que ocorre com muita freqüência: a síndrome de pânico. Trata-se de um caso particular de crise de ansiedade não controlada, que alcança o nível do pânico. Os pacientes apresentam a síndrome sem qualquer causa aparente. Além da sensação de angústia, eles podem ter crises de pressão alta, batedeiras, falta de ar, náuseas, dores no peito e na cabeça, muitas vezes acompanhadas de sensações de morte iminente, Essas características são tão assustadoras que acabam destruindo a estrutura psíquica do paciente, que pode se tornar bastante deprimido. Como ele não entende o que está acontecendo, julga estar enlouquecendo e perdendo o autocontrole.
Desenvolve-se, a partir daí, uma ansiedade por antecipação, temendo uma nova crise. Não raro aparece um medo fóbico de situações que, no julgamento do paciente, podem desencadear uma crise. Muitos passam a não sair de casa e até deixam de dirigir automóvel, na tentativa infrutífera de se livrar do pânico. A imensa maioria dos pacientes faz inúmeras visitas a prontos-socorros, com pressão alta, taquicardia, queda da taxa de açúcar no sangue etc. Nessas ocasiões, porém, ficam reconfortados, pois os exames que são obrigados a fazer resultam normais. Só que as crises continuarão, até que o diagnóstico seja estabelecido. Hoje, uma série de medicamentos pode ser eficientemente utilizada nesses casos, tornando as crises esparsas, de fraca intensidade, até se conseguir, finalmente, evitá-las. Assim, se o medo e a ansiedade ficarem muito intensos, não se desespere: seu médico tem muito a fazer por você.
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