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Mercury e Vostok

Entre 1961 e 1963, as primeiras naves tripuladas demonstraram que dava, sim, para viver e trabalhar no espaço.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 8 ago 2019, 16h05 - Publicado em 16 jul 2019, 17h09

Se vivêssemos no planeta dos macacos, a grande festa do voo espacial tripulado não seria em 12 de abril, aniversário do lançamento de Yuri Gagarin, e sim em 31 de janeiro. Nessa data, em 1961, foi ao espaço Ham – o primeiro chimpanzé astronauta. E ele era americano.

Se tudo tivesse corrido bem, essa teria sido a última missão de teste do projeto Mercury, destinado a levar os primeiros americanos ao espaço. Só que não foi bem isso que aconteceu, e o nosso amigo Ham foi quem se deu mal. O foguete Redstone, projetado por Wernher von Braun, ofereceu potência maior que a esperada e o voo acabou sendo mais longo e ríspido. A cápsula caiu no mar longe do navio de resgate.

Foi destino melhor que o de Laika, a cadela soviética que havia voado ao espaço pouco mais de três anos antes num satélite sem capacidade de retorno seguro à Terra, e que morreu menos de sete horas depois do lançamento, por uma combinação de estresse e hipertermia causada por falha na cápsula. Apesar de ter sobrevivido, o chimpanzé Ham ficou bem traumatizado: durante o voo, ele experimentou a sensação de ter 14,7 vezes o próprio peso, conforme a aceleração brutal literalmente o esmagava em seu assento.

Quando John F. Kennedy propôs a ida à Lua, ainda mal se sabia se humanos poderiam de fato trabalhar de forma efetiva no espaço.

Em plena corrida espacial, alguns nos Estados Unidos consideraram esse voo um sucesso e queriam que o próximo, a ser conduzido o mais rápido possível, levasse o astronauta Alan Shepard Jr. Von Braun, contudo, advogava cautela e pediu mais um teste antes de embarcar um humano numa cápsula Mercury. Nessa, Gagarin chegou primeiro ao espaço, em 12 de abril. Shepard só deixaria a atmosfera em 5 de maio.

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Quase um empate? Nada disso. O voo de Gagarin havia sido orbital – ele deu uma volta na Terra e desceu, em 1 hora e 48 minutos. Já o de Shepard foi subir e cair – uma escalada a 187 km de altitude e uma descida em queda livre. Tudo isso em 15 minutos.

Apenas 13 dias após essa “missão”, em 25 de maio, o presidente John F. Kennedy discursaria diante do Congresso, ecoando os últimos eventos. “Se vamos vencer a batalha que agora se trava ao redor do mundo entre liberdade e tirania, as realizações dramáticas no espaço que ocorreram em semanas recentes deveriam deixar claro para nós, como o Sputnik fez em 1957, o impacto dessa aventura nas mentes dos homens em toda parte”, afirmou. “Eu acredito que esta nação deveria se comprometer a atingir a meta, antes que esta década termine, de pousar um homem na Lua e trazê-lo de volta em segurança para a Terra.”

Em retrospecto, a iniciativa chega a ser assustadora. Àquela altura, os programas Vostok (Oriente, em russo) e Mercury (Mercúrio, o deus mensageiro romano) estavam só começando a determinar a viabilidade de humanos sobreviverem ao ambiente espacial, que dirá trabalharem nele a ponto de concluírem com sucesso uma jornada à Lua. E mesmo nesse quesito os soviéticos estavam bem mais adiantados.

Impulsionada por um foguete mais potente, a Vostok era mais parruda e podia realizar voos mais longos. Para que se tenha uma ideia, a Vostok 2, com o cosmonauta Gherman Titov, decolou em 6 de agosto de 1961, e ele passou 1 dia, 1 hora e 18 minutos em voo.

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A Mercury, por conta da menor capacidade do foguete Redstone, começou limitada a voos suborbitais, e realizou um segundo deles em 24 de julho, com Virgil Grissom a bordo. Mas a primeira missão orbital teria de esperar o lançador Atlas, e o primeiro americano a igualar Gagarin e orbitar a Terra só voaria em 20 de fevereiro de 1962 – John Glenn completaria três voltas ao redor da Terra, em 4 horas e 55 minutos.

 

(Divulgação/Montagem sobre reprodução)

Ao final, cada projeto realizaria seis voos, entre 1961 e 1963. Entre os soviéticos, o mais duradouro foi o da Vostok 5, iniciado em 14 de junho de 1963, com o cosmonauta Valery Bykovsky a bordo: 4 dias, 23 horas e 7 minutos. Entre os americanos, o mais duradouro foi o último voo da cápsula Mercury, em 15 de maio de 1963, em que o astronauta Gordon Cooper passou 1 dia e 10 horas em órbita. De quebra, os soviéticos usaram a Vostok 6 para lançar Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir ao espaço, dois dias após a decolagem de Bykovsky, em 16 de junho.

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Concluída a primeira fase dos voos espaciais tripulados, americanos e soviéticos precisariam desenvolver e testar as habilidades e tecnologias para dar o próximo passo: ir à Lua.

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